sexta-feira, abril 12, 2019

TURISMO RURAL: EXEMPLO DAS ALDEIAS DE XISTO

A partir da segunda metade do século XX, o turismo teve um grande crescimento, com o aumento da qualidade de vida e melhores condições de trabalho, ganhando por isso cada vez mais adeptos. De braço dado com estes fatores impulsionadores do turismo estão vários outros como a melhoria das infraestruturas e das acessibilidades, o desenvolvimento dos transportes, a mudança de mentalidades, entre muitas outras razões. Contudo, o surgimento ou o sucesso do turismo rural chegou bem mais tarde.
Enquanto na segunda metade do século XX as grandes cidades eram os principais polos turísticos, mais recentemente houve um crescimento do turismo rural. Este crescimento é comumente justificado pela crescente vontade de “escapar” do stress da cidade, voltando-se para o refúgio no campo, como forma de relaxar e esquecer a agitação da vida citadina. Em 1992, com o Tratado de Maastricht, o turismo rural passou oficialmente a ser considerado uma atividade económica importante, que gerava rendimentos e empregos.
         Segundo a Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR), os fatores-chave que desencadeiam o desenvolvimento de uma procura crescente são os seguintes: níveis crescentes de instrução da população; o interesse crescente pelo património; o aumento dos tempos de lazer; a melhoria das infraestruturas de acesso e das comunicações; a maior sensibilidade para as questões ligadas à saúde e ao seu relacionamento com a natureza, abertura e recetividade às questões ecológicas; o maior interesse pelas especialidades gastronómicas de cariz tradicional; a valorização da autenticidade; a busca da paz e da tranquilidade; a procura da diferença e das soluções individuais por oposição às propostas de massa; o aumento do papel das entidades ligadas ao desenvolvimento rural na promoção desta atividade. A DGADR diz ainda que atividades como a caça, pesca, feiras e romarias, cultos religiosos, festivais de folclore e gastronómicos são outros fatores de contínuo interesse por estes territórios.
         Partindo para um território específico, utilizando esse como modelo de análise para a realização do presente trabalho, escolhi as Aldeias de Xisto. A Rede das Aldeias de Xisto integra um total de 27 aldeias, num total de 16 concelhos no interior de Portugal, entre Coimbra e Castelo Branco, sendo organizadas por quatro grupos: o grupo da Serra da Lousã; o grupo da Serra do Açor; o grupo do Zêzere; e o grupo do Tejo-Ocreza. As 27 aldeias são as seguintes: Água Formosa (Tejo-Ocreza), Aigra Nova (Serra da Lousã), Aigra Velha (Serra da Lousã), Aldeia das Dez (Serra do Açor), Álvaro (Zêzere), Barroca (Zêzere), Benfeita (Serra do Açor), Candal (Serra da Lousã), Casal de São Simão (Serra da Lousã), Casal Novo (Serra da Lousã), Cerdeira (Serra da Lousã), Chiqueiro (Serra da Lousã), Comareira (Serra da Lousã), Fajão (Serra do Açor), Ferraria de São João (Serra da Lousã), Figueira (Tejo-Ocreza), Gondramaz (Serra da Lousã), Janeiro de Baixo (Zêzere), Janeiro de Cima (Zêzere), Martim Branco (Tejo-Ocreza), Mosteiro (Zêzere), Pedrógão Pequeno (Zêzere), Pena (Serra da Lousã), Sarzedas (Tejo-Ocreza), Sobral de São Miguel (Serra do Açor), Talasnal (Serra da Lousã)e Vila Cova de Alva (Serra do Açor).
         Estas aldeias situam-se todas em territórios constituídos essencialmente por Xisto, daí a sua denominação de “Aldeias de Xisto”. Estas aldeias eram aldeias que se encontravam ao abandono. Este abandono pode ser justificado pelo êxodo rural, em que as pessoas saíram do campo começando as suas vidas nas cidades. Destas aldeias em ruínas começou este projeto de turismo rural, tornando este território em algo único e notável.
         Desta forma, as Aldeias de Xisto são o exemplo perfeito de como o turismo rural dá uma nova vida a um território, bem como o faz crescer, passando de ser um território que se encontrava à beira das ruínas, deixado praticamente ao abandono, a um território que renasceu com o crescimento desta atividade, voltando a “colocar as aldeias de xisto no mapa”, voltando a trazer vida àqueles lugares. O turismo rural começou então a ser muitas vezes encarado como uma forma de revitalizar um território, considerado uma forma de empreendorismo, influenciando a economia regional, e é ainda um setor criador de emprego.
Lado a lado com o turismo rural, temos o turismo de aventura, turismo de natureza e turismo de lazer, que dão ao turista uma perspetiva mais pessoal de tudo o que se pode viver naquele território.
         Em suma, na minha opinião, o turismo rural é extremamente importante pois dinamiza efetivamente territórios que se encontravam mais esquecidos e os transforma, tornando-os muito mais atrativos e ativos. O turismo rural é, por isso, em termos económicos, ótimo para um território, atraindo não só os turistas em si mas também população jovem e empreendedora, que irá criar emprego e também permitir que haja um retorno de pessoas para efetivamente residirem naquela região, devido ao seu trabalho. As vantagens do turismo rural são bastante evidentes e efetivamente ajudam um território a crescer e, hoje em dia, como é o exemplo das Aldeias de Xisto, a sua principal atividade é o turismo, nomeadamente o turismo rural. É ainda importante referir que um dos principais aspetos que se deve ter em atenção no turismo rural, e que hoje em dia se vê a perder, é a identidade dos territórios, focando-se tanto no turismo e deixando de se focar na autenticidade do local. Porém, este tipo de turismo atrai turistas, pessoas, negócios, atividades, etc., tornando cada um desses territórios únicos.

Maria Inês M. Fernandes

BIBLIOGRAFIA
·         Martins, Cátia. 2012. Turismo Rural e Desenvolvimento Sustentável – O Papel da Arquitetura Vernacular. Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Arquitetura. Universidade da Beira Interior, Covilhã, Portugal;
·         Direção Geral da Agricultura e Desenvolvimento Rural. Consultado a 9 de abril pelas 14h24. Disponível em https://www.dgadr.gov.pt/diversificacao/turismo-rural/o-interesse-pelo-turismo-no-espaco-rural;
Aldeias do Xisto. Consultado a 9 de abril pelas 21h30. Disponível em https://aldeiasdoxisto.pt/aldeias.

 (Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “economia e Política Regional”, do curso de Mestrado em Geografia do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)

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