A
partir da segunda metade do século XX, o turismo teve um grande crescimento,
com o aumento da qualidade de vida e melhores condições de trabalho, ganhando
por isso cada vez mais adeptos. De braço dado com estes fatores impulsionadores
do turismo estão vários outros como a melhoria das infraestruturas e das
acessibilidades, o desenvolvimento dos transportes, a mudança de mentalidades,
entre muitas outras razões. Contudo, o surgimento ou o sucesso do turismo rural
chegou bem mais tarde.
Enquanto
na segunda metade do século XX as grandes cidades eram os principais polos
turísticos, mais recentemente houve um crescimento do turismo rural. Este
crescimento é comumente justificado pela crescente vontade de “escapar” do stress da cidade, voltando-se para o
refúgio no campo, como forma de relaxar e esquecer a agitação da vida citadina.
Em 1992, com o Tratado de Maastricht, o turismo rural passou oficialmente a ser
considerado uma atividade económica importante, que gerava rendimentos e
empregos.
Segundo a Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento
Rural (DGADR), os fatores-chave que desencadeiam o desenvolvimento de uma procura
crescente são os seguintes: níveis crescentes de instrução da população; o interesse
crescente pelo património; o aumento dos tempos de lazer; a melhoria das
infraestruturas de acesso e das comunicações; a maior sensibilidade para as
questões ligadas à saúde e ao seu relacionamento com a natureza, abertura e
recetividade às questões ecológicas; o maior interesse pelas especialidades
gastronómicas de cariz tradicional; a valorização da autenticidade; a busca da
paz e da tranquilidade; a procura da diferença e das soluções individuais por
oposição às propostas de massa; o aumento do papel das entidades ligadas ao
desenvolvimento rural na promoção desta atividade. A DGADR diz ainda que
atividades como a caça, pesca, feiras e romarias, cultos religiosos, festivais
de folclore e gastronómicos são outros fatores de contínuo interesse por estes
territórios.
Partindo para um território específico, utilizando esse como
modelo de análise para a realização do presente trabalho, escolhi as Aldeias de
Xisto. A Rede das Aldeias de Xisto integra um total de 27 aldeias, num total de
16 concelhos no interior de Portugal, entre Coimbra e Castelo Branco, sendo
organizadas por quatro grupos: o grupo da Serra da Lousã; o grupo da Serra do
Açor; o grupo do Zêzere; e o grupo do Tejo-Ocreza. As 27 aldeias são as seguintes:
Água Formosa (Tejo-Ocreza), Aigra Nova (Serra da Lousã), Aigra Velha (Serra da
Lousã), Aldeia das Dez (Serra do Açor), Álvaro (Zêzere), Barroca (Zêzere),
Benfeita (Serra do Açor), Candal (Serra da Lousã), Casal de São Simão (Serra da
Lousã), Casal Novo (Serra da Lousã), Cerdeira (Serra da Lousã), Chiqueiro
(Serra da Lousã), Comareira (Serra da Lousã), Fajão (Serra do Açor), Ferraria
de São João (Serra da Lousã), Figueira (Tejo-Ocreza), Gondramaz (Serra da
Lousã), Janeiro de Baixo (Zêzere), Janeiro de Cima (Zêzere), Martim Branco
(Tejo-Ocreza), Mosteiro (Zêzere), Pedrógão Pequeno (Zêzere), Pena (Serra da Lousã),
Sarzedas (Tejo-Ocreza), Sobral de São Miguel (Serra do Açor), Talasnal (Serra
da Lousã)e Vila Cova de Alva (Serra do Açor).
Estas aldeias situam-se todas em territórios constituídos
essencialmente por Xisto, daí a sua denominação de “Aldeias de Xisto”. Estas
aldeias eram aldeias que se encontravam ao abandono. Este abandono pode ser
justificado pelo êxodo rural, em que as pessoas saíram do campo começando as
suas vidas nas cidades. Destas aldeias em ruínas começou este projeto de
turismo rural, tornando este território em algo único e notável.
Desta forma, as Aldeias de Xisto são o exemplo perfeito de
como o turismo rural dá uma nova vida a um território, bem como o faz crescer,
passando de ser um território que se encontrava à beira das ruínas, deixado
praticamente ao abandono, a um território que renasceu com o crescimento desta
atividade, voltando a “colocar as aldeias de xisto no mapa”, voltando a trazer
vida àqueles lugares. O turismo rural começou então a ser muitas vezes encarado
como uma forma de revitalizar um território, considerado uma forma de
empreendorismo, influenciando a economia regional, e é ainda um setor criador
de emprego.
Lado a lado com o turismo
rural, temos o turismo de aventura, turismo de natureza e turismo de lazer, que
dão ao turista uma perspetiva mais pessoal de tudo o que se pode viver naquele
território.
Em suma, na minha opinião, o turismo rural é extremamente
importante pois dinamiza efetivamente territórios que se encontravam mais
esquecidos e os transforma, tornando-os muito mais atrativos e ativos. O
turismo rural é, por isso, em termos económicos, ótimo para um território,
atraindo não só os turistas em si mas também população jovem e empreendedora,
que irá criar emprego e também permitir que haja um retorno de pessoas para
efetivamente residirem naquela região, devido ao seu trabalho. As vantagens do
turismo rural são bastante evidentes e efetivamente ajudam um território a
crescer e, hoje em dia, como é o exemplo das Aldeias de Xisto, a sua principal
atividade é o turismo, nomeadamente o turismo rural. É ainda importante referir
que um dos principais aspetos que se deve ter em atenção no turismo rural, e
que hoje em dia se vê a perder, é a identidade dos territórios, focando-se
tanto no turismo e deixando de se focar na autenticidade do local. Porém, este
tipo de turismo atrai turistas, pessoas, negócios, atividades, etc., tornando
cada um desses territórios únicos.
Maria
Inês M. Fernandes
BIBLIOGRAFIA
·
Martins, Cátia. 2012. Turismo Rural e
Desenvolvimento Sustentável – O Papel da Arquitetura Vernacular. Dissertação
para obtenção do Grau de Mestre em Arquitetura. Universidade da Beira Interior,
Covilhã, Portugal;
·
Direção Geral da Agricultura e Desenvolvimento
Rural. Consultado a 9 de abril pelas 14h24. Disponível em https://www.dgadr.gov.pt/diversificacao/turismo-rural/o-interesse-pelo-turismo-no-espaco-rural;
Aldeias
do Xisto. Consultado a 9 de abril pelas 21h30. Disponível em https://aldeiasdoxisto.pt/aldeias.
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “economia e Política Regional”, do curso de Mestrado em Geografia do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “economia e Política Regional”, do curso de Mestrado em Geografia do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)
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