terça-feira, abril 09, 2019

Estrada real – Turismo na maior rota histórica do Brasil

A estrada real é a maior rota histórica existente no Brasil. Ela compreende três estados: Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Sua extensão é de 1630 quilômetros e abrange aproximadamente 200 municípios destes estados, levando o turista às belezas naturais, história, cultura, culinária e costumes da região.
No século XVII, a coroa portuguesa, no intuito de escoar a produção de ouro e pedras preciosas, iniciou a abertura de vias que aproximassem as minas desses produtos dos portos que se localizavam nas cidades de Paraty e Rio de Janeiro, ambas no estado do Rio de Janeiro. Deu-se então a estrada real, que se inicia no município de Diamantina (Arraial do Tijuco, na época do império), em Minas Gerais, passando por Ouro Preto (Vila Rica), chegando às cidades de Paraty e Rio (sede do Império).
O projeto de exploração turística foi idealizado em 1999 pela Federação das Industrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), através do Instituto Estrada Real, criado por esta para revitalização, preservação e estimulo do turismo nos municípios mineiros abrangidos pela estrada. Houve um grande esforço também dos governos dos estados de valorizar a ideia e promover o turismo em seus municípios. Finalmente, em 2003, esta parceria FIEMG, governo federal (Ministério do Turismo), governos estaduais (Secretarias de Turismo) e o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), lançou o produto turístico Estrada Real. Quatro caminhos ligam os municípios, que são eles:
 Caminho Velho, entre as cidades de Ouro Preto e Paraty. Foi o primeiro trajeto oficial da coroa portuguesa. O percurso era feito pelos tropeiros no prazo de 60 dias. Destacam-se os municípios de: Ouro Preto, com sua importância histórica e cultural, que atrai turistas de todo o mundo devido aos edifícios históricos, igrejas, moradias seculares e obras a céu aberto de um de seus ilustres artistas, Antônio Francisco Lisboa (Aleijadinho);  Tiradentes, que é a cidade com arte barroca mais bem preservada do Brasil; São João del-Rei, onde se pode realizar o passeio a bordo de uma Maria Fumaça (comboio movido a vapor) até o município de Mariana; descendo a serra da Mantiqueira, está o município de Caxambú, denominado a maior estância hidromineral do mundo; e Paraty, que foi o maior porto exportador de ouro na época colonial, e que possui em suas ruas vários monumentos e casas que perpetuam as tradições do período ainda nos dias de hoje.
 Caminho dos Diamantes, com 395Km, que liga a cidade de Diamantina a Ouro Preto, onde a primeira era forte produtora de pedras preciosas sobretudo o diamante. É o caminho que tem paisagens naturais exuberantes, devido ao trajeto percorrer a Serra do Espinhaço, que foi considerada reserva da Biosfera pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, sigla em inglês), e a Serra do Cipó, onde se encontram mais de cem cachoeiras. Há um sítio arqueológico chamado de Pedra Pintada, que data do ano 6000 a.C., onde inúmeras pinturas rupestres ilustram a vida nos primórdios da civilização. Outro atrativo turístico está ligado à gastronomia regional, produtora de delicias regionais como queijos e doces típicos. Neste caminho, destacam-se os municípios de Diamantina, Serro, Mariana e Ouro Preto.
Caminho Novo, que foi introduzido entre as cidades de Ouro Preto e o Rio de Janeiro devido ao grande volume de cargas transportadas pelo caminho velho e aos saques que ocorriam no caminho marítimo entre as cidades de Paraty e o Rio, a sede imperial. Essa nova rota foi traçada pelos bandeirantes a mando do imperador D. Pedro II, e surgiu para descongestionar o trânsito e facilitar o escoamento da produção. Com paisagens lindíssimas da serra dos Órgãos e roteiros históricos pelos museus da cidade de Petrópolis, que trazem a rotina do império na cidade de campo do imperador, é o caminho mais fácil de ser percorrido e admirado pelos turistas. As cidades de Juiz de Fora, Paraíba do Sul, Santos Dumont e Petrópolis são cidades com paragem obrigatória dada a sua importância histórica no percurso.
Caminho de Sabarabuçu, que fora uma rota alternativa criada pelos mineradores, que acreditavam ter avistado no alto da serra da Piedade uma grande quantidade de ouro devido ao reflexo da luz do sol. Porém, foram desiludidos quando chegaram à serra e encontraram minério de ferro e uma pequena quantidade de ouro. Possui percurso mais curto, com apenas 160 km, que liga as cidades produtoras de minérios, que é denominado quadrilátero ferrífero do estado de Minas Gerais, onde, à época do ciclo do ouro eram realizadas grandes extrações do minério e remitidas à cidade de Ouro Preto, para posterior embarque para o porto do Rio. Cidades históricas como Sabará, Itabirito, Cocais e Morro Vermelho são destinos importantes, com obras de arte, museus, cachoeiras, monumentos e comidas típicas da região.
Tal iniciativa representa um importante avanço para os produtos turísticos que não são conhecidos pela sociedade, de uma forma geral. Tanto para obtermos informação a respeito dos destinos como para conhecermos a história de um país, é de extrema importância haver estímulos às parcerias público-privadas para exploração sustentável e crescimento social de uma região, diminuindo desigualdades, gerando empregos, renda e promovendo a preservação do património histórico.
A Estrada Real representa um marco para a criação de novos polos turísticos no interior do Brasil posto que integra regiões espetaculares, nas exprssões cultura, tradições, história e belezas naturais que são pouco aproveitadas ou até mesmo desconhecidas dos turistas internos e estrangeiros.
Brasão da Estrada Real.
Marco Informativo na Estrada.
Passaporte Instituído para quem inicia e completa o roteiro

Rafael Alves Pinheiro Monteiro

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)

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