A
estrada real é a maior rota histórica existente no Brasil. Ela compreende três
estados: Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Sua extensão é de 1630
quilômetros e abrange aproximadamente 200 municípios destes estados, levando o
turista às belezas naturais, história, cultura, culinária e costumes da região.
No
século XVII, a coroa portuguesa, no intuito de escoar a produção de ouro e
pedras preciosas, iniciou a abertura de vias que aproximassem as minas desses
produtos dos portos que se localizavam nas cidades de Paraty e Rio de Janeiro,
ambas no estado do Rio de Janeiro. Deu-se então a estrada real, que se inicia
no município de Diamantina (Arraial do Tijuco, na época do império), em Minas
Gerais, passando por Ouro Preto (Vila Rica), chegando às cidades de Paraty e
Rio (sede do Império).
O
projeto de exploração turística foi idealizado em 1999 pela Federação das
Industrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), através do Instituto Estrada Real,
criado por esta para revitalização, preservação e estimulo do turismo nos
municípios mineiros abrangidos pela estrada. Houve um grande esforço também dos
governos dos estados de valorizar a ideia e promover o turismo em seus
municípios. Finalmente, em 2003, esta parceria FIEMG, governo federal
(Ministério do Turismo), governos estaduais (Secretarias de Turismo) e o BID
(Banco Interamericano de Desenvolvimento), lançou o produto turístico Estrada
Real. Quatro caminhos ligam os municípios, que são eles:
Caminho
Velho, entre as cidades de Ouro Preto e Paraty. Foi o primeiro trajeto
oficial da coroa portuguesa. O percurso era feito pelos tropeiros no prazo de
60 dias. Destacam-se os municípios de: Ouro Preto, com sua importância
histórica e cultural, que atrai turistas de todo o mundo devido aos edifícios
históricos, igrejas, moradias seculares e obras a céu aberto de um de seus
ilustres artistas, Antônio Francisco Lisboa (Aleijadinho); Tiradentes, que é a cidade com arte barroca
mais bem preservada do Brasil; São João del-Rei, onde se pode realizar o
passeio a bordo de uma Maria Fumaça (comboio movido a vapor) até o município de
Mariana; descendo a serra da Mantiqueira, está o município de Caxambú,
denominado a maior estância hidromineral do mundo; e Paraty, que foi o maior
porto exportador de ouro na época colonial, e que possui em suas ruas vários
monumentos e casas que perpetuam as tradições do período ainda nos dias de
hoje.
Caminho dos Diamantes,
com 395Km, que liga a cidade de Diamantina a Ouro Preto, onde a primeira era
forte produtora de pedras preciosas sobretudo o diamante. É o caminho que tem
paisagens naturais exuberantes, devido ao trajeto percorrer a Serra do Espinhaço,
que foi considerada reserva da Biosfera pela UNESCO (Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, sigla em inglês), e a Serra do
Cipó, onde se encontram mais de cem cachoeiras. Há um sítio arqueológico
chamado de Pedra Pintada, que data do ano 6000 a.C., onde inúmeras pinturas
rupestres ilustram a vida nos primórdios da civilização. Outro atrativo
turístico está ligado à gastronomia regional, produtora de delicias regionais
como queijos e doces típicos. Neste caminho, destacam-se os municípios de
Diamantina, Serro, Mariana e Ouro Preto.
Caminho Novo, que
foi introduzido entre as cidades de Ouro Preto e o Rio de Janeiro devido ao
grande volume de cargas transportadas pelo caminho velho e aos saques que
ocorriam no caminho marítimo entre as cidades de Paraty e o Rio, a sede
imperial. Essa nova rota foi traçada pelos bandeirantes a mando do imperador D.
Pedro II, e surgiu para descongestionar o trânsito e facilitar o escoamento da
produção. Com paisagens lindíssimas da serra dos Órgãos e roteiros históricos
pelos museus da cidade de Petrópolis, que trazem a rotina do império na cidade
de campo do imperador, é o caminho mais fácil de ser percorrido e admirado
pelos turistas. As cidades de Juiz de Fora, Paraíba do Sul, Santos Dumont e
Petrópolis são cidades com paragem obrigatória dada a sua importância histórica
no percurso.
Caminho de Sabarabuçu,
que fora uma rota alternativa criada pelos mineradores, que acreditavam ter
avistado no alto da serra da Piedade uma grande quantidade de ouro devido ao
reflexo da luz do sol. Porém, foram desiludidos quando chegaram à serra e
encontraram minério de ferro e uma pequena quantidade de ouro. Possui percurso
mais curto, com apenas 160 km, que liga as cidades produtoras de minérios, que
é denominado quadrilátero ferrífero do estado de Minas Gerais, onde, à época do
ciclo do ouro eram realizadas grandes extrações do minério e remitidas à cidade
de Ouro Preto, para posterior embarque para o porto do Rio. Cidades históricas
como Sabará, Itabirito, Cocais e Morro Vermelho são destinos importantes, com
obras de arte, museus, cachoeiras, monumentos e comidas típicas da região.
Tal
iniciativa representa um importante avanço para os produtos turísticos que não
são conhecidos pela sociedade, de uma forma geral. Tanto para obtermos
informação a respeito dos destinos como para conhecermos a história de um país,
é de extrema importância haver estímulos às parcerias público-privadas para
exploração sustentável e crescimento social de uma região, diminuindo
desigualdades, gerando empregos, renda e promovendo a preservação do património
histórico.
A
Estrada Real representa um marco para a criação de novos polos turísticos no
interior do Brasil posto que integra regiões espetaculares, nas exprssões cultura,
tradições, história e belezas naturais que são pouco aproveitadas ou até mesmo
desconhecidas dos turistas internos e estrangeiros.
Brasão da Estrada Real.
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Marco Informativo na Estrada.
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Passaporte Instituído para quem inicia e
completa o roteiro
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Rafael Alves Pinheiro
Monteiro
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)
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