O turismo “doom” é viajar
para locais que estão a ser ameaçados ao nível ambiental, antes que
desapareçam. É um mercado de nicho na área do turismo onde os turistas procuram
explicitamente paisagens e/ou património social que estão a desaparecer. Este
tipo de turismo também é conhecido como turismo de última chance, voyeurismo de
mudança climática ou turismo de extinção. As razões pelas quais este tipo de
turismo existe são as mudanças climáticas e o aquecimento global, o desenvolvimento
que pode vir a erradicar edifícios ou locais históricos, o desejo de observar
espécies em via de extinção no seu habitat
natural, antes que este desapareça ou que a própria espécie se extinga.
Embora o turismo de
última chance se esteja a tornar numa
tendência mais comum na indústria do turismo hoje em dia, este remonta ao
começo dos Estados Unidos da América. A abertura de vias de férreas para o oeste
abriu o mercado de turismo para o oeste selvagem. Isto fez com que um avultado
número de pessoas partisse de leste para oeste para ver as amplas e abertas
paisagens antes que os mineiros as "estragassem". Dito isto,
atualmente existem diversos locais que estão em risco de desaparecer, tais como
as ilhas Maldivas, onde especialistas especulam que dentro de poucas décadas a
ilha possa desaparecer devido ao aquecimento global. O aumento das temperaturas
a nível mundial está a resultar num consequente aumento do nível dos oceanos, o
que faz com que diversas ilhas possam vir a ficar submersas.
A Grande Barreira de
Coral é outro caso. Trata-se de um monumento vivo que suporta um número vasto
de organismos marinhos, fornecendo-lhes alimento e proteção. Em 2012,
cientistas estimaram que o coral perdeu mais de metade do seu tamanho desde
1985. Isto não se deveu ao aumento do nível das águas dos oceanos mas sim ao
facto de água oceânica estar a ficar mais ácida (este fenómeno é conhecido como
a acidificação do oceano). Outras situações são o Alasca e o Círculo Polar
Ártico, que estão a aquecer duas vezes mais rápido do que o resto do planeta e,
como resultado, a área do Ártico coberta de neve no início do verão encolheu
quase 20%, desde 1966. Os modelos climáticos prevêem que o Oceano Ártico poderá
ficar sem gelo até o final do século XXI. Estes locais atraem milhares de
passageiros de cruzeiros, que pagam mais de 12.000€ para ver ursos polares e
baleias jubarte nos seus habitats
naturais.
Por último, refira-se a
neve do Monte Kilimanjaro - a montanha mais alta da África –, que pode
desaparecer em breve depois de um estudo que demostrou que a sua calota de gelo
está destinada a desaparecer inteiramente dentro de vinte anos, em grande parte
devido às alterações climáticas. Os vastos campos de gelo do Kilimanjaro, na
Tanzânia, estão a derreter a um ritmo mais rápido do que em qualquer outro
momento nos últimos cem anos e, a este ritmo, irão desaparecer completamente
dentro de duas décadas ou até mais cedo, segundo alguns cientistas.
Existem alguns impactes
positivos resultantes deste tipo de turismo para os locais mencionados
anteriormente. Tais impactes podem ser: a ajuda na promoção da consciencialização
das alterações climáticas; os ganhos económicos, através de pagamento das
visitas ou venda de produtos relacionados com os locais, que podem ser
reinvestidos em educação ou programas de conservação, e a criação de
oportunidades de desenvolvimento económico para operadores ou comunidades de
turismo.
Além de haver benefícios
bastante importantes para o desenvolvimento sustentável e preservação destas
áreas, existem alguns impactes negativos adjacentes ao turismo “doom”, que
resultam do aumento das atividades turísticas nestas áreas, o que pode fazer
com que o desaparecimento destes destinos seja mais rápido, isto devido ao
facto das viagens a estes locais serem longas e demoradas, o que faz com que
sejam utilizados grandes níveis de combustível, o que causa um aumento das
emissões de CO2 (que é um dos grandes fatores negativos das alterações
climáticas).
Em suma, para que este
tipo de turismo seja sustentável para o ambiente, recomendo que haja um limite
anual de pessoas a visitarem estes locais, ou seja, podem ser implementadas
medidas que criem listas de espera de forma a diminuir os fluxos turísticos e
de forma a tornarem estes locais mais exclusivos. Também recomendo que os
preços cobrados para estes destinos únicos sejam aumentados, e se divulgue mais
informação de forma a ajudar a prevenir a destruição destes locais através de
ações de sensibilização.
Tiago
Cardoso Moreira Rodrigues
Bibliografia:
ELONA
THE EXPLORER. What Is Doom Tourism and Why Should You Care? Disponível em: http://www.elonatheexplorer.com/what-is-doom-tourism-and-why-should-you-care/
WIKIPEDIA. Maldivas.
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Maldivas
WIKIPEDIA. Grande
Barreira de Coral. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Barreira_de_Coral
WIKIPEDIA. Círculo Polar
Ártico. Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%ADrculo_Polar_%C3%81rtico
WIKIPEDIA. Kilimanjaro.
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Kilimanjaro
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)
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