O
“Do Bira ao Samba” é um festival peculiar, pois a sua essência é dar a mostrar
duas culturas que sempre andaram de mão dada: a portuguesa e a brasileira. Daí
provem o seu nome, “Do Bira”
mencionando a cultura portuguesa, e “ao
Samba”, consequentemente mencionando a brasileira.
Este festival decorre desde 2015, na cidade de Braga,
e é na sua essência um festival de artes performativas, contando com 4 edições,
atualmente ocorrendo no primeiro fim-de-semana de agosto. É considerado uma
espécie de carnaval fora de época, pois conta com um desfile pelo centro de
Braga em que participam os grupos convidados com os seus passistas (sambistas)
com as suas vestimentas impressionantes, que dançam ao som de ritmos de
batucada e samba. Também participam os grupos convidados da parte do
tradicional: grupos folclóricos, Pauliteiros, etc.
O
grupo organizador aparece da origem de um grupo de Zés Pereiras e, inicialmente,
tocavam apenas ritmos tradicionais portugueses, mais tarde foram adotando os
ritmos de batucada e típicos do samba. Posto isto, realizar este festival fez
todo o sentido pois, inicialmente, o grupo queria mostrar o trabalho realizado
ao longo dos seus 11 anos, na altura. Assim, nasceu este festival que, na
última edição, reuniu um público significante no centro de Braga e mais de 700
artistas convidados.
O
primeiro dia do festival é dedicado à tradição portuguesa, havendo um destaque
na cultura minhota mas também havendo atuações ou mesmo atividades de outras
regiões ou mesmo a nivel nacional, como foi o caso da última edição, em que
foram realizados jogos tradicionais, como a corrida de sacos, o jogo do pião,
jogo da malha, entre outros. As atividades também englobam workshops musicais, como o de danças tradicionais portuguesas, dado
pelo NEFUP, Núcleo de Etnografia e Folclore da Universidade do Porto. Enquanto
decorrem estas atividades, as ruas da cidade estão a ser animadas por outros
grupos, tais como a Tuna Universitária do
Minho, a Tun’ao Minho, os Ida e Volta, entre outros.
Os workshops têm como objetivo divulgar o que
está em causa, ou seja, no workshop
dado pelo NEFUP, será divulgar as danças tradicionais portuguesas para o
público para, consequentemente, as mesmas terem mais aderência e, no caso do
festival, é uma aderência gratuita. Na última edição, foi acrescentada uma
novidade, que foi a realização de um arraial minhoto, animado com música e
danças tradicionais portuguesas representadas por dois grupos convidados: os
Pauliteiros de Miranda, do Orfeão Universitário do Porto; e a Rusga de S.
Vicente, grupo etnográfico do Baixo Minho.
A
festa prolonga-se até ao anoitecer. Mais uma vez, a noite é dedicada a atuações
dos grupos de música tradicional portuguesa, com a presença de todos os grupos
convidados, onde há um convívio entre as duas vertentes. A abertura das
atuações é realizada pelo grupo organizador, que toca somente a vertente
tradicional e, de seguida, os grupos convidados. O segundo dia do festival, e
como o nome indica, é dedicado à tradição brasileira e, tal como no primeiro
dia, também são realizados workshops:
o workshop de Samba, dado pela Rainha
da Bateria da escola de samba Gres a
Rainha; e o workshop de capoeira.
Ambos, costumam ter bastante adesão. Bem como no primeiro dia, a animação de
rua continua com a escola de samba Real Imperatriz, Unidos de Vila Régia, Gres
a Rainha e os Batucada Radical.
Ao
fim deste segundo dia, decorre o Monumental
Cortejo de Carnaval Fora de Época, que começa no Arco da Porta Nova e vai até
à Avenida Central. Este Monumental Cortejo
de Carnaval Fora de Época é o ponto mais alto deste festival e é onde se
juntam a cultura portuguesa e a brasileira. Após o cortejo, as atuações da
noite prosseguem, tal como no primeiro dia.
Penso
que seja um festival que é considerado parte da cultura e do nosso património
pois o Do Bira ao Samba é um
festival. O valor cultural e patrimonial carrega aspetos que não são
encontrados nas festas populares. As festas populares concentram-se numa só
cultura enquanto que o festival transmite e propaga duas culturas diferentes,
no entanto, ligadas desde sempre.
Apesar
disto, o festival encontra-se, neste momento, posicionado na categoria de
desporto pela Câmara Municipal de Braga, visto que não se estava a dedicar
tanto à cultura, em geral, mas sim à dança e à música. Nesta última, edição a
organização colocou em prática, como já referido, um Arraial Minhoto, em que
introduziram petiscos tradicionais, como o Caldo Verde, as pataniscas e as
bifanas. Ao longo do arraial, houve animação, música e danças tradicionais,
como manda a tradição. Incluiram também os jogos tradicionais, que obtiveram
muita adesão, principalmente por parte dos pais que queriam apresentar aos
filhos os jogos que praticavam na sua infância.
Patrícia Amorim Fernandes
Metodologia utilizada para a realização do artigo:
Pesquisa
informática e através de conversas com vários entendedores das duas vertentes musicais,
tendo como principal base, o meus conhecimentos e dos restantes organizadores
sobre o festival.
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2ºsemestre do ano letivo de 2018/2019)
Sem comentários:
Enviar um comentário