A Região Demarcada do Douro é constituída por 22 municípios e tem uma área de aproximadamente 250 mil hectares, dos quais 48 mil hectares são ocupados por vinhas. O Alto Douro Vinhateiro é uma área constituída por aproximadamente 24 mil hectares, localizado a nordeste de Portugal, que se pode dividir em três zonas, nomeadamente o Baixo-Corgo (que representa 51% da área total), o Cima-Corgo (que representa 36% da área) e Douro Superior (que representa os restantes13%). Esta região integra o vale do rio Douro e foi classificada, pela UNESCO, como Património Mundial a 14 de Dezembro de 2001, na categoria de paisagem cultural, devido às características mesológicas e climáticas particulares que são conseguidas pelas montanhas que as rodeiam.
As principais fontes de rendimento dos habitantes desta região, surgiram do vinho do Porto. A descoberta do vinho do Porto, remonta ao século XVII, altura em que o mesmo passou a ser produzido e exportado em grandes quantidades para a Inglaterra. É da junção das qualidades do solo pobre, do clima duro e terrível e do trabalho do homem que este vinho surge.
O processo de produção tem início em Setembro, na altura da vindima, em que as uvas são transportadas pelos homens até aos mais recentes centros de vinificação ou então até aos lagares. Tradicionalmente, a pisa e todos os processos envolvidos na produção do vinho eram feitos “manualmente”.
Actualmente os centros de vinificação possuem equipamentos tecnológicos avançados, que reduzem o trabalho do homem. Apesar da produção de um bem, que é o principal da exportação do sector primário (Vinho do Porto e Vinhos de mesa do Douro), deparamo-nos com uma das regiões menos desenvolvidas de todo o país, sendo que mais de 90% dos trabalhadores desta região, sobrevivem somente com os rendimentos daí conseguidos.
Entretanto outros problemas têm surgido. A desertificação das freguesias do Douro e o envelhecimento da população, visto que nas últimas duas décadas os 13 concelhos integrantes do Alto Douro Vinhateiro perderam quinze por cento dos seus habitantes, ficando reduzidos a cerca de 180 mil pessoas. Apesar de todo o empenho a que se tem assistido, tem sido difícil travar a deslocação das pessoas para o estrangeiro ou para o litoral. Devido à insuficiência de trabalhadores, muitos proprietários rurais recorreram a mão-de-obra estrangeira, criando assim uma vaga de emprego sazonal.
Numa região como o Alto Douro Vinhateiro, onde o vinho domina as actividades económicas, tem-se presenciado um crescimento de algumas actividades paralelas à viticultura, tais como o turismo e o enoturismo. A aposta desta região, foi direccionada ao turismo de qualidade, ou seja, para a classe média-alta, sendo que a maior parte dos turistas que visitam o Douro, estejam entre os 35 e os 65 anos.
A maior parte dos visitantes são portugueses, mas também existe uma elevada procura pelas encostas durienses, por parte de turistas da Espanha, Inglaterra, Alemanha e dos Estados Unidos da América. Por sua vez, são poucos os que passam vários dias nesta região, sendo que a sua visita seja normalmente por apenas um dia.
Existem diversas atracções turísticas, para além das rotas de vinhos, tais como as festas populares que atraem à Régua milhares de pessoas, o fogo-de-artifício no rio Douro, os desportos náuticos, o festival de “Dance in Rio”, os barcos rabelo que tradicionalmente transportavam as pipas de vinho do Porto até ao armazém e o programa “Comboios Históricos do Douro”, que leva os passageiros em comboios puxados por numa locomotiva a vapor. Os comboios foram fundamentais para o desenvolvimento da região, especialmente no escoamento do vinho do Porto e na comunicação entre as localidades durienses.
A longa tradição de viticultura produziu uma paisagem cultural de beleza única que reflecte a evolução tecnológica, social e económica. A classificação desta região como património da humanidade foi estrategicamente importante, uma vez que transformou o Douro num mercado de qualidade, defensor do ambiente e permitiu um desenvolvimento sustentado desta região.
[Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Regional” do 3º ano do curso de Economia da EEG/UMinho]
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