A antiga cidade de Braga candidatou-se, no início de 2010, à distinção de Capital Europeia da Juventude para o ano de 2012. Situando-se no norte do Portugal, esta é uma das cidades portuguesas mais populosas e uma das cidades europeias com mais jovens (uma população com 181.819 habitantes onde cerca de 35% tem menos de 25 anos). A “Cidade dos Arcebispos”, como é conhecida, foi a primeira cidade em Portugal a candidatar-se a tal posto, tendo fortes apoiantes à sua candidatura tais como o Instituto Português da Juventude e a Reitoria da Universidade do Minho.
No mesmo ano (2010) a candidatura bracarense foi a vencedora, tendo “lutado” pelo primeiro lugar com duas cidades gregas, Iráclion e Byron. Braga segue assim o caminho de Roterdão (2009), Torino (2010) e Antuérpia (2011) como Capital Europeia da Juventude, cargo que será ocupado por um ano e onde se irá procurar realizar um programa intensamente diversificado a nível social, económico, cultural e de desenvolvimento cuja base será toda a comunidade jovem. Este terá como objectivos o destaque e promoção de Braga na euro-região, a melhoria da relação dos jovens com as instituições europeias, uma maior dinâmica social e igualdade de oportunidades para quem vive fora da zona urbana e ainda o reforço do associativismo e do voluntariado.
Em termos de actividades em si, a organização possui um inúmero conjunto de projectos para o ano de 2012, direccionados tanto para a comunidade local como para a não local. Inicialmente, como evento de abertura da “Capital Europeia da Juventude 2012”, temos o “YWorld”, o qual ambiciona dar a conhecer aos jovens, bracarenses e minhotos, a vida dos jovens nos cinco continentes. Este evento baseia-se na combinação de ideias e soluções que promovam a integração, inclusão e, acima de tudo, a protecção dos direitos humanos. Outro projecto de grande relevância consiste no festival “Music of the World”, onde músicos jovens provenientes de todo o mundo vêem representar a música da sua terra natal.
Num aspecto mais social e pedagógico, a organização apresenta-nos o “AtCampus”. Este projecto consiste na oferta de 27 bolsas de estudo universitárias para estudantes que não integrem o programa “Erasmus” e que possuam um baixo nível financeiro. Será de destacar que este projecto obriga o estudante a relatar na internet, através de um blogue, as suas experiências durante o período lectivo em causa.
A história não foi esquecida e num sentido de relembrar o passado bracarense é apresentado o “Bracara From Augustus”, uma iniciativa constituída por um curso de história da cidade e no “YDig”. Este último consiste num treino especializado de escavação arqueológica na cidade. Existem vários e diversificados projectos, onde não são esquecidos o voluntariado “YHelp” e até mesmo o ambiente “Breathe The Future”.
Parece estar tudo bem encaminhado para que 2012 seja um ano recheado de cultura, conhecimento e de crescimento social em Braga, tendo a organização planeado um grande leque de projectos, alcançando um estatuto superior para a cidade. Contudo, e sendo isto a minha opinião, existem ainda alguns problemas que faltam debater e outros por descobrir. Primeiramente, devo dizer que é uma atitude fantástica, por parte dos organizadores, investirem na cidade onde vivo, já que esta cidade já deu provas do seu valor e continua a provar que poderemos ser o terceiro grande centro económico em Portugal. Em segundo, temo que, apesar da grande crença no contrário, este projecto possa ser um grande “buraco”, onde só tenhamos para mostrar o que já existe em Braga e alguns pequenos palcos de cultura espalhados pela cidade. Esta última parte deriva do facto de já terem existido grandes projectos no papel, que falharam na acção, ou que após um certo período de tempo só tenham para mostrar infra-estruturas vazias e deixadas ao abandono. Fico também surpreendido pelo facto de só existirem eventos como “Music of the World” apenas neste contexto uma vez que, falando por mim, um concerto com bandas doutras origens traz sempre uma certa curiosidade e uma outra motivação para ver o espectáculo (sem querer tirar crédito às bandas portuguesas). Por fim, uma última preocupação consiste em 2013, isto é, será tudo o mesmo? Teremos a mesma aposta em cultura, nos jovens e em Braga? Ou voltará tudo ao mesmo e, como na maior parte das vezes, pensaremos no dinheiro que foi gasto e não naquilo em tiramos proveito?
[artigo de opinião produzido no Âmbito da unidade curricular “Economia Regional” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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