O Artesanato é todo o trabalho manual, no qual a peça originada é fruto da transformação da matéria-prima por parte do artesão. É associado normalmente a uma produção de carácter familiar, onde o artesão possui os meios de produção necessários à sua prática, trabalhando com a família na sua própria casa. Teve início no período neolítico (6000 a.C) quando o homem aprendeu a polir a pedra, a fabricar a cerâmica e descobriu a tecelagem.
De entre todas as artes tradicionais, o concelho de Barcelos está muito ligado à olaria, sendo caracterizado como um território com uma identidade cultural e etnológica muito forte decorrente da variedade de artes e ofícios. Este concelho é composto por 89 freguesias com cerca de 124 576 habitantes e pertence ao distrito de Braga, região Norte e sub-região do Cávado.
De facto, esta arte tem um lugar de destaque pela relação existente entre o Homem e a terra. Esta actividade foi ganhando muita importância ao longo dos anos, o número de peças produzidas foi cada vez maior, contribuindo positivamente para a economia do concelho e no fundo, construir uma tradição regional.
As Louças de Barcelos, como vulgarmente são conhecidas, foram responsáveis pela promoção de empregabilidade e sustento de várias famílias que tinham na arte do barro o seu futuro. São dadas a conhecer ao país através das várias feiras realizadas ou mesmo das romarias. A maior feira tradicional do norte de Portugal é a feira do concelho, realizada todas as quintas-feiras, onde não podiam faltar as inúmeras exposições de artesanato barcelense.
A primeira obra-prima a ser famosa foi o Figurado (peças de estatuária de expressão cultural), que pretendendo ser brinquedo, se revelou o símbolo identitário de uma região, fruto da capacidade dos barristas de recriar o real partindo da imaginação. Associado ao sucesso destes bonecos, surge a grande artista Rosa Ramalho (1888-1977), que teve reconhecimento da Presidência da República pelo seu talento inigualável. Actualmente, dá nome a uma rua na cidade de Barcelos e a uma escola na freguesia de Barcelinhos. Há também a possibilidade de que se venha a transformar a sua antiga oficina, na freguesia de Galegos São Martinho, onde está sepultada e sempre viveu, num museu de olaria com o seu nome.
Foi a partir desta produção que se criou o mais conhecido símbolo de Portugal e do concelho de Barcelos, o lendário Galo. Lendário no sentido literal, porque está associado a uma lenda popular que conta a epopeia de um peregrino a caminho de Santiago de Compostela, que foi salvo miraculosamente da forca, graças a Santiago, quando o cantar de um galo se fez ouvir.
Passando por inúmeras exposições em todo o Mundo, foi nas décadas de 50 e 60 que o Galo de Barcelos se transformou num símbolo do turismo nacional.
Hoje em dia, surge associado a um Portugal moderno, empenhado na sua universalização, enquanto destino turístico, muito pela forma como é concretizado. É garrido e colorido, multifacetado no porte e nas formas, testemunho do Portugal das diferenças culturais e da variedade etnográfica, mas uno como nação com uma história e herança culturais das mais significantes da Europa.
Passou a ser impossível visitar Portugal sem levar como "souvenir"os pequenos galos representativos de uma cerâmica inconfundível.
O concelho de Barcelos é actualmente ao nível do Norte de Portugal um dos territórios com mais artesãos, distribuídos por diversas produções artesanais como a olaria, o figurado, a cerâmica tradicional, os bordados de crivo, a tecelagem, os trabalhos em madeira, ferro e couro.
O que agora é arte fruto de um acto de criação ao longo do tempo, antes foi um acto de necessidade e de sobrevivência, porque as famílias que não possuíam terras tinham no trabalho manual e artesanal o seu sustento. Era um trabalho muito duro, desenvolvido sem grandes recursos, em condições precárias e em oficinas humildes, normalmente em anexos das casas, mas o que importava era a criação das inúmeras obras que hoje podemos encontrar no Museu de Olaria ou mesmo no posto de Artesanato em Barcelos que fazem as delícias de todos os turistas.
O artesanato como parte integrante da cultura barcelense faz deste concelho a capital do Artesanato.
[artigo de opinião produzido no Âmbito da unidade curricular “Economia Regional” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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