O empreendedorismo e a aposta na inovação tecnológica tem potenciado alguns casos de sucesso em Portugal, quer em instituições públicas como privadas, mas também em empresas chamadas “start-up” e PME. Esta aposta tem tido particular foco em Braga, com alguns casos de sucesso e também de forte investimento que irei focar.
É fácil verificarmos essa forte aposta em novas tecnologias nesta cidade e outras da mesma área, como Guimarães, e o considerável investimento aplicado, desde logo, a sede do Instituto Europeu de Excelência de Engenharia de Tecidos e Medicina Regenerativa, projecto desenvolvido em conjunto com a Universidade do Minho, que trouxe para Portugal mais de uma centena de cientistas de toda a Europa. Fica localizado no Avepark de Ciência e Tecnologia, um complexo que tem como objectivo constituir-se como uma infra-estrutura tecnológica, aproveitando a proximidade de saberes e contribuindo para uma maior interacção universidade/empresas, visando a fixação de tecnologias específicas consideradas fundamentais para a afirmação competitiva da região. Também o novo Centro de Nanotecnologia da Península Ibérica, com as instalações em Braga perto do campus da Universidade, é outro exemplo desta aposta.
Mas não é necessário recorrermos a investimentos tão sonantes para apontarmos alguns casos de sucesso em Braga, há uma empresa que se destaca neste particular, a Mobicomp, empresa fundada em 1999, com sede em Braga, com capital social de apenas 5000€ aquando da sua criação, focava-se em mobile computing, com o objectivo de desenvolver produtos mobile para os operadores de telecomunicações, com clientes como a TMN, Vodafone e Optimus. Volvidos apenas 8 anos, foi comprada pelo gigante mundial Microsoft por dezenas de milhões de euros e cujos planos passam por transformar a empresa num centro de desenvolvimento tecnológico, o primeiro da Europa. Manterá as instalações de Braga, integrando a totalidade dos funcionários da empresa e mantendo estreita relação com a Universidade do Minho, oferecendo opções de recrutamento.
É de aplaudir este empreendedorismo e inovação numa cidade com pouca tradição na área, esta aquisição por parte de um gigante mundial na produção de software informático, faz com que Braga, os seus empresários e a Universidade do Minho estejam de parabéns. Parece-me, sem dúvida, uma aposta de futuro e rentável para esta região, que há muito é reconhecida pelo cariz cultural e turístico, nomeadamente o religioso e que pode agora aliar a ciência e a tecnologia como marcos de referência. Mesmo em termos de “matéria-prima”, Braga seria uma forte opção para este investimento, visto que se trata de uma das cidades mais jovens da Europa, faixa etária mais propensa ao estudo de novas tecnologias e o facto de ter uma Universidade com 2 campus separados em Braga e Guimarães, o que permite um estreitar de relações e transacções entre ambas as cidades.
Mas a Mobicomp não é o único caso de sucesso na área da ciência e da inovação tecnológica, vejamos também o exemplo da Edigma, outra empresa sedeada em Braga, e que em 2010 nos apresentou uma inovadora tecnologia patenteada multitoque. Tornou-se na primeira empresa no mundo capaz de tornar qualquer superfície, plana ou curva, opaca ou transparente, em vidro, plástico ou madeira, numa superfície multitoque e deverá iniciar a comercialização ainda este ano. Em apenas 4 anos, esta PME fez nascer o Displax Interactive Window, antecipando em 50 anos a tecnologia usada por Spielberg em “Minority Report”. Termino este exemplo com uma curiosidade e para mim um dos motivos do sucesso desta empresa, emprega 55 pessoas, das quais 65% licenciadas, cuja média etária ronda os 30 anos e investe anualmente 15% em Investigação e Desenvolvimento.
É louvável este empreendedorismo e inovação por parte de uma cidade que é tradicionalmente ligada a uma temática completamente oposta, como o é a religião, provando que estas 2 áreas podem coexistir no sentido de impulsionar Braga para um crescimento económico sustentado. Há todavia, como é evidente, um longo caminho a percorrer até que Braga se afirme neste panorama e algumas medidas que poderiam ser tomadas para que tal aconteça, nomeadamente uma maior divulgação e aumento da atractividade junto da faixa etária chave, novos projectos do género Incubadora como aquela que a NET-Novas Empresas e Tecnologias promoveu junto da FEUP visando um apoio à criação de empresas inovadoras de base tecnológica, mas ultimamente tem que haver uma maior aposta por parte dos empresários dos mais variados sectores e espírito empreendedor.
André Pimenta da Silva
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Regional” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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