segunda-feira, outubro 24, 2011

Modernização de uma cidade histórica

Guimarães, cidade localizada no Norte de Portugal, no distrito de Braga, sub-região do Ave, é uma das cidades históricas mais importantes do país, pois teve um papel crucial na sua formação, desde ter sido o local de nascimento de D. Afonso Henriques a ter servido de palco à Batalha de S. Mamede. Desde sempre que esta cidade se apoia na sua forte componente histórica como meio de divulgação da cidade e atracção de turistas, tanto que em 2001 foi atribuída a classificação de Património Cultural da Humanidade ao seu centro histórico. No entanto, desde há uns anos a esta parte, tem apostado em novas formas de desenvolvimento.
Em Dezembro de 2007, é apresentada a candidatura de Guimarães a Capital Europeia da Cultura em 2012, tendo sido feita a sua apresentação como tal em Julho de 2009. Esta é uma iniciativa que visa a regeneração social, urbana e económica e o desenvolvimento cultural da cidade e da região em que esta se encontra inserida, através da “reabilitação de edifícios públicos e privados de interesse patrimonial bem como a qualificação de áreas urbanas”, e da promoção de “um grande encontro de criadores e criações — música, cinema, fotografia, artes plásticas, arquitectura, literatura, pensamento, teatro, dança, artes de rua”, não só da própria cidade mas de toda a Europa. Assim, Guimarães terá uma projecção internacional versátil, como uma cidade histórica que, mais do que oferecer uma visita ao passado, proporciona “novas e surpreendentes experiências culturais e criativas”. Para conceber, planear, promover, executar e desenvolver este projecto, foi criada a Fundação Cidade de Guimarães, que tem como instituições fundadoras o Ministério da Cultura e a Câmara Municipal de Guimarães.
Como exemplo de actividade de sucesso integrada no projecto “Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura” pode ser mencionado o evento organizado pelo colectivo “Guimarães noc noc”, que teve lugar no início do mês de Outubro do presente ano. Este evento introduz um novo conceito de exposição artística, promovendo um contacto mais directo e informal entre o público e os artistas e seus trabalhos, pois no lugar da tradicional exposição em galerias ou museus, “a arte é exposta nas casas, ´ateliers`, ruas e espaços comerciais e associativos”; contou com projectos de mais de 300 artistas nacionais e estrangeiros. É também um exemplo de como criatividade e espírito de iniciativa dão origem a um evento de tão grande êxito, sem ser necessário despender grandes somas de dinheiro, e demonstra que é viável para a cidade investir no desenvolvimento da cultura e da arte. Devido ao seu grande sucesso, que lhe valeu um voto de louvor da Câmara Municipal de Guimarães, será realizada uma segunda edição em 2012. Para além disto, estão actualmente em curso as obras de reabilitação de várias infra-estruturas da cidade.
O evento apresentado no parágrafo anterior constitui uma introdução muito positiva ao programa “Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura”, revelando o espírito de iniciativa e abertura a novos projectos por parte dos cidadãos vimaranenses, e mostra que a cidade de Guimarães não está acorrentada à sua carga histórica, sendo capaz de seguir novos rumos e atrair diferentes tipos de turistas. Apesar de ser uma cidade relativamente pequena, Guimarães tem grande potencial para se expandir, e a eleição como Capital Europeia da Cultura é prova disso mesmo. Esta iniciativa constitui o impulso que a cidade necessitava para iniciar o seu percurso em direcção ao futuro, que, a seguir o exemplo do evento de “Guimarães noc noc”, se prevê trabalhoso mas recompensador.

Inês Macedo

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular Economia Regional do 3.º ano da Licenciatura em Economia da EEG/UMinho]

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