A gastronomia é um dos pontos basilares da cultura de um povo. Provem da história e das tradições culturais de toda uma comunidade e, por esse motivo, não pode deixar de ser parte integrante da cultura local.
A gastronomia constitui-se como um verdadeiro produto turístico, sendo uma força importante na captação de consumidores pelas localidades onde os restaurantes disponibilizam pratos de culinária tradicional de boa qualidade. A gastronomia tradicional, como o seu próprio nome sugere, implica o consumo de matérias-primas tradicionais.
A certificação do receituário tradicional português, tendo sempre em conta que as receitas são confeccionadas com produtos agrícolas tradicionais portugueses, contribuirá para o seu desenvolvimento, divulgação e preservação. Não podemos então dissociar a gastronomia, ao relevo que fomenta a nível da empregabilidade regional, criando assim uma dinâmica económica local e regional.
A gastronomia regional é uma oportunidade de conquistar o interesse dos consumidores a conhecer a região e a visitarem-na para experimentarem outras iguarias, como também é um motivo para o crescimento produtivo local (crescimento microeconómico) através dos pratos locais, impedindo a importação de produtos alimentares.
Revela-se então como forte componente da imagem e da capacidade de atracção de um destino e pode ser o principal factor de motivação para os turistas, surgindo o turismo gastronómico, internacionalmente denominado, Food Tourism (Hall e Mitchel 2001). Sendo assim, a gastronomia tradicional foi declarada como um bem imaterial do património cultural de Portugal (pela diversidade e autenticidade), através da Resolução do Conselho de Ministros nº 96/2000 de 26/7.
Portugal apresenta-se então como um espaço geográfico pequeno e com uma diversidade enorme gastronómica, através da influência mediterrânea e não esquecendo também a atlântica.
A gastronomia mediterrânica recai sobretudo sobre o pão, o vinho e azeite, repete-se por todo o território nacional, acrescentando-se-lhe os produtos hortícolas, como em variadas sopas, e os frutos frescos. A carne e as vísceras, principalmente de porco, compõem também um conjunto de pratos e petiscos regionais, onde sobressaem os presuntos e os enchidos. Com o advento das descobertas marítimas, a culinária portuguesa rapidamente integrou o uso, por vezes quase excessivo, de especiarias e do açúcar, além de outros produtos, como o feijão e a batata, que foram adoptados como produtos essenciais.
Quanto à gastronomia atlântica, além da célebre sardinha portuguesa, o bacalhau pescado em águas mais frias e afastadas, são os peixes mais usados pela cozinha lusitana. Não nos podemos esquecer, contudo, da grande variedade de mariscos, sem ser de viveiro, como o berbigão, o mexilhão, as conquilhas. As amêijoas são utilizadas não só como principal iguaria, ao natural ou à Bulhão Pato, mas também a acompanhar outras, como na carne de porco à alentejana. Existe ainda uma grande variedade de receitas de açordas e feijoadas de marisco.
Portugal orgulha-se especialmente dos seus vinhos, que também apresentam uma diversidade impressionante, vinhos esses caracterizados por alto teor alcoólico e sabor como por exemplo, o vinho do Porto, o vinho da Madeira, o vinho de Carcavelos, o moscatel de Setúbal, entre outras variedades, como os vinhos “abafados”. As regiões do Douro e Alentejo são as zonas com mais produção, sendo ainda muito conhecido o vinho verde da região do Minho.
Por falar no Minho, importante de referir que muitos consideram a região mais apetecível e conhecida pelos turistas, por se fazer conhecer através dos pratos como o bacalhau à minhota, caldo verde à minhota, o cozido à portuguesa, as papas de sarrabulho à moda de Braga, os rojões à minhota, a aletria , o arroz doce, pão-de-ló e a cavaca minhota.
António José Costa Martins Barros Rodrigues
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Regional” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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