Braga, incluída nas três principais cidades de Portugal, é a mais antiga cidade do país. Este município, que em 2012 será a Capital Europeia da Juventude, é extremamente dinâmico tendo lado a lado actividades na área do comércio e serviços, ensino e investigação, cultura e religião.
Sendo uma cidade de tradições e história não deixa, no entanto, de se inovar impondo-se como motor de desenvolvimento na área de investigação. O Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL), surgido através de um acordo entre os governos de Portugal e Espanha na XXI Cimeira Luso-espanhola em 2005, é um exemplo disso.
A nanotecnologia é uma ciência que manipula a matéria à escala nano, isto é, mil milhões de vezes mais pequena que o metro. É uma tecnologia transversal com aplicações na indústria farmacêutica, electrónica, dos materiais, na medicina, entre outras. Com a construção de estruturas e novos materiais a partir dos átomos, consegue-se mais leveza, flexibilidade, muito mais qualidade, melhores equipamentos, resíduos mais limpos, mais respeito pelo meio ambiente e mais adaptabilidade às preferências dos consumidores. Apesar de ser ainda uma área recente o seu potencial é enorme tendo um futuro promissor, uma vez que o mercado de produtos provenientes da nanotecnologia pode valer até cerca de 2.6 triliões de dólares em 2014.
Em Portugal foi na cidade de Braga, nas imediações da Universidade do Minho, que este tipo de investigação cresceu. O INL é o primeiro laboratório internacional localizado na Península Ibérica, bem como o primeiro da Europa na área da nanotecnologia. Com a criação deste instituto, Braga assume-se como motor de desenvolvimento da região Norte, quer no espaço europeu, quer mundial, como desafiado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte no plano “Norte 2020”. O INL tem como principal objectivo liderar a investigação na área, oferecendo as melhores condições aos 200 cientistas provenientes de todo o mundo que lá irão trabalhar. Numa fase inicial o projecto envolve Portugal e Espanha, mas está aberto à participação de outros países de qualquer parte do mundo, tornando este instituto do Norte do país mundialmente reconhecido pela excelência. Esta área poderá, num futuro próximo, influenciar o progresso humano e apoiar o desenvolvimento sustentável, tendo um forte impacto na economia do nosso país bem como dos nossos vizinhos espanhóis através da criação de empregos altamente qualificados e de um aumento da competitividade de novos produtos e processos internacionalmente inovadores, que ajudará ao crescimento económico.
As áreas de investigação que têm aplicação imediata serão a nanomedicina, a segurança e qualidade alimentar e controlo do meio ambiente, estas irão permitir uma colaboração directa do INL com empresas de modo a melhorar ou criar novos produtos e a adquirir fundos através de projectos externos em que o laboratório esteja envolvido.
O INL foi inaugurado em Julho de 2009 estando presentes na cerimónia Sua Alteza O Rei de Espanha, Juan Carlos I, o Presidente da República Portuguesa, Aníbal Cavaco Silva, o Presidente do Governo Espanhol, José Luis Zapatero, o Primeiro-Ministro de Portugal, José Sócrates, a Ministra espanhola da Ciência e Inovação, Cristina Garmendia, e o Ministro português da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago – tendo em conta quem estaria nos cargos no ano de 2009.
O Grupo Banco Espírito Santo (GBES) e o Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia assinaram um Memorando de Cooperação, com um protocolo que passará pela criação de um pacote de soluções financeiras ao INL e ao universo dos seus colaboradores e investigadores, bem como a associação do INL ao Concurso Nacional de Inovação BES.
Para o Município de Braga, este projecto permite que cheguem à cidade pessoas de todo o mundo, através de congressos e iniciativas do laboratório, que podem acabar por visitar a região, incentivando a economia local desde serviços de hotelaria a restauração. Este tipo de iniciativas pode levar ainda a uma maior atractividade de investimentos internacionais à Região Norte, pelo que importa continuar a desenvolver projectos deste âmbito. Assim, o contributo da capital do Baixo Minho para a internacionalização da região nas diversas áreas da actividade económica é notório, sendo que é a esta cidade que é reconhecido o papel central na imposição do Norte no domínio da investigação científica de excelência.
Mariana Cunha Marinho
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Regional” do 3.º ano do curso de Economia (1.º ciclo) da EEG/UMinho]
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