O Enoturismo é o chamado turismo do vinho, que não só permite apreciar os diversos sabores e aromas dos vinhos como permite expandir o conhecimento a nível histórico, cultural e tradicional dos locais que produzem os diversos vinhos.
As Rotas do Vinho foram criadas em 1993 e tiveram o apoio do programa Dyonisios, da União Europeia. Foi Portugal, juntamente com mais oito regiões europeias que iniciaram os projectos das Rotas dos Vinhos. Contudo, em Portugal estas Rotas só entraram em funcionamento a partir de 1995.
Portugal, sendo um dos países mais ricos em regiões vitivinícolas, maioritariamente localizadas nas regiões do interior, as Rotas do Vinho são um dos principais impulsionadores do Enoturismo. Totalizando 11 rotas, estas permitem não só objectivamente o Enoturismo mas também contribuem para que haja o desenvolvimento de novos produtos turísticos e uma maior diversificação da oferta. Demostra-se também fundamental para dar a conhecer determinados locais, de forma a diminuir as assimetrias entre regiões e assim captar novos investimentos para a progressão do turismo.
Apesar do referido apoio do programa da União Europeia, demonstra-se a falta de regulação específica, que leva a que sejam os próprios aderentes, através da formação de associações de aderentes, de entidades reguladoras vitivinícolas, como as Comissões de Viticultura Regionais, a darem o referido apoio.
Dada à riqueza de Portugal em regiões vitivinícolas de norte a sul e a forte tradição no consumo de vinho, este sector demonstra-se de grande importância para a economia nacional e o vinho encontra-se entre os 10 produtos seleccionados pelo PENT (Plano Estratégico Nacional do Turismo) com maior tendência à procura internacional. Existe actualmente uma grande variedade de vinhos regionais, estando reconhecidas 31 Denominações de Origem, destacando-se o vinho do Porto e Douro, Vinho da Madeira, Vinho do Pico, Moscatel de Setúbal, Vinho Verde, Vinho do Dão e Vinhos do Alentejo.
Contudo, para que as regiões que constituem as Rotas do Vinho se desenvolvam de forma a competirem no sector é necessário que possuam características que são fundamentais para vingar no mercado, como por exemplo: ter uma abundante e variada gama de vinhos regionais; ter adegas adaptadas e organizadas para serem visitadas pelos turistas, recursos humanos especializados, entre outras características.
Como já referido, a Enoturismo possibilita também uma ligação com a cultura, tradição e paisagem das diversas regiões que constituem as Rotas do Vinho. Assim, a ligação em termos de paisagem natural destaca-se em regiões como o Douro Superior, que faz a Rota do Vinho do Porto, ou a Rota de S. Mamede, que é a do vinho Alentejano. Relativamente ao património histórico e cultural, destaca-se a Rota das Cidades e Vilas, que é a Rota dos Vinhos Verdes ou ainda, o caminho dos Mosteiros, que é, por conseguinte, a Rota das Vinhas de Cister.
Apesar do sector demonstrar dinâmica e organização, as Rotas do Vinho portuguesas demonstram variadíssimos problemas do ponto de vista institucional, regulamentar, organizacional, operacional e estrutural. As infra-estruturas e serviços têm assim se demonstrado inadequadas. A não existência de um diploma que regule as questões essenciais deste produto turístico também se torna num problema, na medida em que também condiciona a competitividade deste. A falta de pessoal qualificado para as visitas guiadas às caves, a falta de desenvolvimento na interligação entre roteiros de vinho, alojamento e transportes alternativos, pouca informação, entre outras falhas, também afectam a competitividade do produto.
Portugal tem todos os elementos e condições essenciais para desenvolver este tipo de produto turístico, desde o conhecimento único na produção do Vinho do Porto, com reconhecimento mundial, até á beleza paisagística que o seu cultivo nos proporciona. Estes fundem-se na beleza natural e única das Rotas do Vinho. Contudo, é necessário corrigir os factores que condicionam o seu desenvolvimento e exploração. Assim, só através do aperfeiçoamento do Enoturismo Nacional e condições que o permitam enaltecer, se poderá assumir, perfeitamente, como sendo um factor credível para o desenvolvimento regional e, consequentemente, para o desenvolvimento nacional.
Patrícia Barbosa
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Regional” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/Minho]
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