Conforme a notícia do Turismo de Portugal ,a 11 de Dezembro
de 2017:
“Portugal vence prémio
de Melhor Destino
Turístico do Mundo nos World Travel Awards 2017, depois de, em
setembro, ter ganho o prémio de melhor destino europeu, sendo a primeira vez
que um país europeu ganha esta distinção.”
Assim
é inegável que a notoriedade de Portugal está cada vez maior, como destino
turístico, e que Portugal tem crescido a vários níveis como um destino de
qualidade e de escolha para vários turistas de várias nacionalidades.
Chegámos
a um ponto de introspeção onde devemos considerar e avaliar como tem sido este
crescimento, ou seja, mais do que olhar as estatísticas, e fazer considerar a
parte analítica do que o turismo nos tem trazido. Devemos perceber para onde
ele nos vai levar. Considerando que existem vários tipos de turismo, deve-se
então perceber qual é o que nós desejamos para o nosso país.
No
fundo, os números de visitas a Portugal tem crescido ano apos ano, e temos
igualmente assistido a uma proliferação de alojamentos de sharing, que provavelmente atrairá turistas, por exemplo de short city break, ou de baixo poder
económico, e não há nada de errado com isso, pois devemo-nos orgulhar de termos
o mundo de olhos em nos, e de tantas pessoas estarem interessadas em
visitar-nos. No entanto, deve-se perceber que uma das maiores virtudes que
temos, e que nos é até apontada por vários dos turistas que recebemos, é a
nossa cultura, hospitalidade e identidade.
Com
tudo isto, chega-se ao ponto fulcral da questão: será que um crescimento
desmedido no número de visitantes poderá resultar numa desvirtuação do destino turístico
que é Portugal, sem termos o mesmo crescimento nas receitas turísticas?
Não
se quer dizer que Portugal se deveria posicionar com um destino turístico
estritamente de luxo, pois é um mercado difícil, e podemos não estar dotados de
todas as ferramentas para ai competir. Assim, deve-se fazer uma análise do
seguinte cenário: o que seria preferível? Ter 10 turistas que gastam 25 euros
cada um ou ter 20 turistas a gastar 10 euros cada um? Com um número menor de
turistas será mais fácil Portugal manter a sua identidade e cultura, o que faz
de si um destino turístico único, já para não considerar que facilita imenso a
preservação dos monumentos, por exemplo, ou até, manter a ordem e segurança.
Sinto
que é de enorme importância que os turistas que recebemos continuem a sentir
que quando nos visitam estão a visitar Portugal e não um país com alguns
monumentos e bonitas paisagens, que sintam a língua, que sintam a gastronomia,
que sintam os edifícios, e que sintam o nosso quotidiano. Ainda mais importante
que isto é que os portugueses continuem a sentir que estão em Portugal, e que o
país continua seu, que não se vende a todos os estrangeirismos para se vender
melhor.
Também,
neste sentido, tal não implica que se deva rejeitar o turismo menos gastador: é
um turismo que ajuda a crescer, cria muito emprego e sustenta muitos pequenos
negócios. Apenas terá de haver uma forma de alojar todo este turismo que
estamos a receber de forma a preservar tudo o que há de bom para mostrar.
Mas
assim surge mais um problema: como vamos atrair e conservar turistas de “luxo”?
Acreditando que as infraestruturas já são as apropriadas (embora muitas vezes
sabemos que não o são), e que já há uma aposto de players importantes nos mercados de luxo a investir cada vez mais
em Portugal, quer seja na hotelaria, restauração ou até moda. A solução do
dilema cinge-se fundamentalmente aos recursos humanos. Perceber que o cliente
de luxo não é mais um, nem o quer ser. Temos de estar preparados para oferecer
serviços de qualidade a este turista, pois tudo menos que isso é inaceitável, e
fará com que não se conserve esta segmentação de mercado.
Há
um fator importantíssimo para atingir estes níveis de performance, que é a formação. Deve haver um foco não só em formar
muito para dar resposta ao crescimento turístico mas também em formar com
qualidade. Este ponto é de importância colossal, pois não bastará termos
gestores formados e focados em colher frutos da aposta neste turismo. Todos os
níveis do serviço devem estar preparados para oferecer qualidade, desde o
diretor do hotel até ao rececionista, ou desde o chef até aos empregados de mesa.
Claro
que esta é uma problemática que implica imensos fatores, e aqui está uma análise
simplificada de um assunto imensamente mais complicado. Não nos devemos tentar
posicionar em nenhum dos extremos entre o turismo de “luxo” ou de “massas” mas
sim termos presente que devemos continuar com um crescimento sustentável,
focados em manter a nossa identidade, em manter o nosso país, em manter a nossa
cultura, nunca caindo no limite de nos fecharmos, mas assim conservando tudo o
que faz de Portugal um destino especial, e partilhá-lo com os turistas.
André Rodrigues Gomes
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
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