No extremo norte de Portugal fica um dos
locais mais genuínos e melhor preservados de Portugal, com paisagens de rara
beleza natural e rural, onde se pode disfrutar da natureza através dos rios e
montanhas, parques naturais e florestas, de forma mais económica e ecológica.
Trás-os-Montes é uma região
onde se podem vivenciar as antigas experiências da terra, como participar nas
vindimas, terminando com o pisar das uvas, passear de burro e ver os rebanhos
protegidos pelo majestoso cão de gado, assistir à matança do porco, seguida de
uma boa refeição de costeletas e “garrotes” no pão, ser “chocalhada pelos
caretos”, assistir à dança dos pauliteiros ritmada pelo cruzar dos paus e ouvir
música ao som das gaitas de foles, aprender a falar a segunda língua portuguesa
- o Mirandês - e a (re)viver as obras de Miguel Torga.
Assim, o ecoturismo é bastante procurado nas
terras Transmontanas, existindo para isso atualmente 5 rotas turísticas, onde a
paisagem é marcada pelo rio Douro e os pelos vales dos seus afluentes. Essas
são a Rota da Terra Fria, a Rota da Terra Quente, a Rota do Azeite, a Rota da
Amendoeira e a Rota do Vinho do Porto.
Perto da Espanha, no Planalto Mirandês,
localiza-se a cidade de Miranda do Douro, com muralhas bastante preservadas. Ao
longo do cumprimento destas e ao lado da antiga Sé de Miranda do Douro, a
cidade é presenteada por uma linda paisagem com as Arribas do Douro,
pertencentes ao Parque Natural do Douro Internacional, que abrange 122
quilómetros de troço fronteiriço do Rio Douro e do seu afluente, o Rio Águeda. Os
desfiladeiros escavados pelos rios Douro e Águeda são extremamente profundos
(chegam a ultrapassar os 200 metros). As margens escarpadas, denominadas de
arribas, possuem um rico valor faunístico, especialmente no que pertence à
família das aves: Grifo, Abutre do Egipto, Cegonha-preta, Águia-real e Águia de
Bonelli. Aí, é permitido apreciar esta grandiosa paisagem, em plena reserva
natural do Douro Internacional, através de um percurso no Cruzeiro Ambiental de
Miranda do Douro.
Com
esta enorme riqueza paisagística, existe uma biodiversidade incrível. Para
complementar as aves referidas, também é possível observar, através de passeios
pelas rotas, lebres e coelhos selvagens, esquilos, raposas, veados, o ilustre
javali, peixes salvagens, como o lúcio, entre outros. O que origina a caça e
pesca, que conduz alguns visitantes de todo o país à região.
No nordeste Transmontano existe o Parque
Natural de Montesinho, um dos maiores parques naturais dos 12 existentes no
país. Aí está inserida a aldeia de Rio de Onor, pertencente ao concelho de
Bragança, que em 2017 foi eleita uma das 7 Maravilhas
de Portugal - Aldeias. O território desta é dividido com a sua homónima
terra espanhola, Rihonor de Castilla. Aqui, ainda
sobrevivem os resquícios do comunitarismo medieval e denota-se a
qualidade das casas tradicionais bem conservadas, e a maior parte contruídas em
xisto.
Atrás dos montes, na cidade de Bragança,
situa-se um dos mais importantes e bem preservados castelos portugueses,
rodeado pelas suas muralhas em forma de coração. Junto ao castelo encontra-se a
Igreja de Santa Maria e a Domus Municipalis, que se destaca por ser o único
exemplar de arquitetura civil, com estilo Romântico na Península Ibérica. As muralhas rodeiam várias esplanadas modernas e
escondem também o Museu
Ibérico da Máscara e do Traje, onde estão expostos os famosos fatos de Carnaval dos
caretos.
Dentro desta cidade existe uma só rua com 5 museus de arte: o Centro de Arte
Contemporânea Graça Morais; o Centro de Interpretação da Cultura Sefardita do
Nordeste Transmontano; o Museu Abade de Baçal; a Galeria História e Arte; e,
ainda, o Centro de Fotografia Georges Dussand.
Em Macedo de Cavaleiros, situa-se a Albufeira
do Azibo, que em 2012 também foi considerada uma das 7 Maravilhas - Praias de
Portugal. Esta praia está integrada na Paisagem Protegida
da Albufeira do Azibo, onde a prática balnear se realiza em perfeita harmonia
com a natureza envolvente. Aqui, podem-se praticar diferentes atividades
aquáticas e há um distinto Turismo Rural com excelentes comodidades, desde hotéis
a parques de campismo que disponibilizam o alojamento em bungalows, como também existe na maioria das terras Transmontanas.
Esta região ainda oferece uma gastronomia
regional de elevada qualidade, como a Posta à Mirandesa, a Feijoada à Transmontana
e o Folar de Carne. É ainda das regiões com uma maior diversidade de fumeiro,
onde se pode encontrar o famoso butelo com casulas, os chouriços, as alheiras
(eleitas uma das 7 Maravilhas da Gastronomia em 2011) e o salgado presunto. Aqui
também se podem provar diversas receitas selvagens, como as que envolvem a
carne do tenro javali. E, para terminar, pode-se fazê-lo com uma doce e única
iguaria, a Bola Doce Mirandesa, assim como com os doces feitos com castanha, como
o pudim de castanha. Ambos completam os belíssimos sabores naturais que
enriquecem e caraterizam a região de Trás-os-Montes.
Vanessa
Filipa Costa Vaz
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
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