Ao
longo do século XVIII até à primeira metade do século XX, a zona minhota sofreu
um pico de emigração para o Brasil, sendo que esta emigração era efetuada por
todos os estatutos da sociedade (desde a classe mais baixa, o povo - grande
parte da qual transacionava as suas propriedades para executar a viagem
atlântica - até à classe mais alta, que era a aristocracia e o clero), que detinham
como grande intento a consecução de grandes fortunas. É sabido que são inúmeros
os emigrantes que regressaram para a sua terra natal, na qual construíram
grandes impérios, desde palacetes como forma de distinguir a sua hegemonia. Em
parte, resistem até aos nossos dias, conseguindo-se mesmo encontrá-los ao longo
de toda a zona minhota, tendo como grandes exemplos o Palacete Rocha Vellozo/
Matos Graça ou mesmo a Casa dos Ferrazes, tão ilustre e conhecida pelos
habitantes da cidade de Braga, sendo
esta símbolo de sucesso da emigração para o Brasil.
Como
forma de homenagear a união entre estas duas culturas e os feitos desses mesmos
portugueses no Brasil, e com a ideia de promover a interação entre os
portugueses e os brasileiros, que são dois povos com pontos de vista diferentes,
de maneira de aproximar estes dois países, o Grupo de Percussão da Universidade
do Minho, mais conhecidos como Bomboémia,
juntamente com a ARCUM - Associação Recreativa e Cultural da Universidade
do Minho -, decidiram organizar um festival, que apelidaram “Do Bira ao Samba”. Surgiu pela primeira vez no ano de 2015 na “capital
minhota”. O evento tem a durabilidade de dois dias -28 e 29 de Julho – e
insere-se nas comemorações de Braga – como é o exemplo da capital Ibero-americana,
no ano de 2016, e a capital do Desporto, no ano presente. Também pretende ser
inserido no monumental desfile de Carnaval, fora de época, com o intuito de se
tornar parte do calendário cultural e turístico da região minhota.
São
diversas as atrações a nível cultural e artístico que são oferecidas de forma
gratuita aos habitantes bracarenses, minhotos e turistas, de forma a envolver e
interagir com a população. Durante o evento, os Bomboémia oferecem à população diversos workshops musicais, com o objetivo da difusão de instrumentos
musicais tradicionais, aulas de samba, danças típicas portuguesas, capoeira, workshops de máscaras (sendo este
oferecido sobretudo a crianças), concurso de fotografias, entre outros.
Como nos afirma o membro e líder do grupo de
batucada espanhol Trokobloco, Filipe
Ortiz, “Não é um festival que se vê em qualquer lugar do mundo. É um festival
único!”, o qual reúne cerca de 600 artistas portugueses (desde escolas de samba
da Figueira da Foz e de Ovar, os Batucada Radical provenientes do Porto, os Galandum Galundaina, a Rusga de S. Vicente
ao Grupo de Folclore da Universidade do Minho, à Tuna Universitária do Minho, à
Tun´ao Minho, aos Ida e Volta, e aos Terrakota,
entre outros grandes artistas) e espanhóis (como é o grande exemplo dos Trokbloco, de Zaragoza, e os Batalá, de Barcelona). Com a sua
participação, pretendem transmitir energia e alegria à população. Dada a originalidade
deste mesmo evento, ele pode ser um grande motor de intercâmbio cultural e de
enriquecimento da comunidade, acabando por dar grande visibilidade à cultura
minhota, e à própria cidade de Braga no Brasil, assim como na Europa.
Graça Cristina Pinto dos
Reis
Bibliografia
Serrão, Joel. 1970.Conspecto
Histórico da Emigração Portuguesa;
Webgrafia
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
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