Braga
é uma cidade que tem ao longo do ano as mais diversas festividades, de
religiosas a profanas. Aí encontramos desde o Romano ao Barroco, um leque de
património, tradição e cultura que tornam esta cidade de uma beleza e riqueza
ímpares. No entanto, nem todas elas são dotadas da mesma importância e
visibilidade, e se temos uma Semana Santa que é das mais belas e imponentes da
Europa, quiçá do mundo, ou um S. João, que é a maior romaria de Portugal,
também temos uma Braga Barroca que está ainda um pouco menosprezada no cerne
nacional de cultura, não por falta de património, arte e riqueza, mas porque
ainda não foi devidamente tida em conta.
Fruindo
da importância religiosa que possuía a nível Ibérico, Braga veio a tornar-se
nos séculos XVII e XVIII no centro por excelência das manifestações barrocas em
Portugal, em muito por influência dos arcebispos D. Rodrigo de Moura Teles e D.
José de Bragança e artistas como André Soares, Frei José Vilaça e Marceliano de
Araújo. Assim surgiu o evento “Braga Barroca”, que permite reviver este período
áureo da cidade, assim como toda a agitação económica, cultural religiosa e
social que existia na época, a partir das atividades diversas que são
organizadas. Desde saraus, música e danças, concertos, espetáulos, encenações,
visitas aos palácios e igrejas, não faltam expressões genuínas civis e
religiosas do Barroco na cidade dos Arcebispos.
Este
evento, “Braga Barroca”, está em crescimento, cada vez mais, graças a parcerias
com associações, empresas e entidades que visam levar mais longe o nome da
cidade relativamente ao Barroco, conseguindo assim reforçar a identidade e
aumentar a consciencialização de todos os cidadãos para a proteção e
preservação do património que se pretende que seja visitado e conhecido. Em conjunto,
todas estas entidades têm contribuído e conseguido melhorar e diversificar a
oferta cultural deste evento, ano após ano, com programas mais ricos e
ecléticos, uma vez que “a estratégia de promoção cultural do Município de Braga
tem sido baseada numa maior aposta de divulgação da história local”.
É
importante ter em conta que este evento não surgiu por mero acaso, pois ele
integra uma estratégia de valorização patrimonial, dada a importância da cidade
ao nível do período Barroco em Portugal. Desde o santuário do Bom Jesus do
Monte, ao Palácio dos Biscainhos, passando pelo aqueduto das Sete Fontes,
encontramos inúmeras infraestruturas desse período na cidade. Com isto,
conclui-se que o barroco não era apenas arte, não era apenas riqueza, mas que
foi também útil socialmente para os que viviam nessa época. E muito certamente
sem este evento, sem estes dias que ano após ano se têm vindo a repetir, a
maior parte dos bracarenses e seus turistas não teriam hipótese de conhecer,
visitar, contemplar, um grande número de coisas que existem na cidade e que são
história, história local que deve ser divulgada e conhecida.
Neste sentido, a realização do “Braga Barroca” é de
suma importância para a cidade e, apesar de se fazerem continuamente esforços
nesse sentido, merece ser mais valorizado e conhecido, pois da mesma forma que
foi romana, Braga também foi Barroca e é preciso levar longe esse belo período
da história, dignificá-lo e sobretudo vivê-lo. O património é cultura de todos,
pertença e propriedade de todos, pelo que a responsabilidade de promover este
evento não cabe apenas à organização, nem ao governo local. Todo o Bracarense
tem responsabilidade de levar mais longe e uma vez mais elevar o nome da sua
cidade.
Artur Jorge Fernandes Marquez
Bibliografia
consultada
·
https://www.correiodominho.pt/noticias/programa-do-braga-barroca-2017-cresce-em-eventos-e-parcerias/104718
·
https://www.dn.pt/lusa/interior/festival-braga-barroca-de-regresso-para-celebrar-periodo-aureo-da-cidade-8779808.html
·
https://www.cm-braga.pt/pt/1301/home/agenda/item/item-1-6518
·
https://webraga.pt/blog/arte-barroca-em-braga-e-mundo/
·
https://webraga.pt/blog/braga-cidade-do-barroco-roteiro-11-locais/
·
http://www.pressminho.pt/braga-barroca-contribui-arranca-esta-quarta-feira-para-valorizar-patrimonio-e-reforcar-identidade-da-cidade/
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
Sem comentários:
Enviar um comentário