sexta-feira, março 16, 2018

Nova fonte de ouro: o Turismo - uma análise de Ouro Preto

A cidade que encantou o imaginário popular após a sua descoberta no fim do século XVII, com a fama de “El Dourado brasileira”, configura-se no presente como um dos mais importantes cartões-postais do Brasil. É símbolo do Brasil colonial, em especial, um retrato do período conhecido como o ciclo do ouro, que vigorou durante todo o século XVIII.
O ouro encontrado era encoberto por uma camada escura de óxido de ferro, mineral presente em abundância na região. Derivado desta caraterística, em particular, temos o atual nome do município: Ouro Preto.
Durante o período colonial, a atual Ouro Preto, era batizada como Vila Rica, representando a economia pulsante da época. Tal vigor económico resultou na ascensão de uma rica aristocracia regional, classe esta que enviava os seus filhos para obter estudo e educação formal na metrópole, Portugal, e então os mesmos retornavam à Vila Rica. Esta elite local, em conjunto com os imigrantes portugueses na região, deram origem aos movimentos culturais que trouxeram impacto na arquitetura, na literatura e em todas as esferas da nova sociedade que surgira em torno da exploração do ouro. Este fenómeno cultural ficou conhecido como uma forma de expressão artística única: o Barroco Mineiro.
Esta herança de peso atribuiu a Ouro Preto o título de Património Mundial da UNESCO, em setembro de 1980, e como ferramenta para garantir a preservação deste rico património a cidade possui diversos tombamentos, e passa, também, por constantes intervenções e revitalizações. Ouro Preto, além disto, faz parte do circuito turístico denominado “Estrada Real”, constituído pelas cidades que contam a história da rota do ouro no Brasil colónia, que posteriormente seria enviado para Portugal.
Embora Ouro Preto possua todos os requisitos e já se configure como um destino de Turismo Cultural, a nova meta é também se tornar destino de um Turismo criativo que crie um elo entre a comunidade local e os turistas, de forma a promover intercâmbio cultural e desenvolvimento regional. De acordo com Machado e Alves (2013), os moradores locais aprovam o turismo e enxergam no mesmo uma possibilidade de rendimentos financeiros, entretanto, reconhecem que lhes falta investimento em capacitação para ofertar uma melhor experiência turística e, adicionalmente, ainda há dificuldade em estabelecer comunicação com os turistas.
Além da sua história, a cidade atualmente também possui em seu portfolio turístico, a gastronomia local, o artesanato, as festas tradicionais, os concertos de música, os eventos universitários e o famoso Festival de Inverno. O município também busca explorar a riqueza de seus distritos, que têm a oferecer o ecoturismo e o turismo rural.
Ao que se indica, cabe à esfera pública e aos agentes locais gerenciarem a marca “Ouro Preto” com eficiência, agregando maior competitividade turística ao local, promovendo desenvolvimento económico de forma sustentável, extraindo o “ouro” presente na atualidade: o turismo.

Caio Martins

Referências bibliográficas
Machado, S., & Alves, K. (2013). O turismo em Ouro Preto - Minas Gerais, Brasil - na perspectiva dos moradores. Turismo e Sociedade, 6(3).
Vieira, L. (2016). Ouro Preto e o século XIX: o mito da decadência. Revista CPC, 0(22), 145-189.
Diniz, A., & Versiani, L. B. (2006). A demanda doméstica e internacional do produto turístico Ouro Preto e seus limites temporais e espaciais. Turismo: Visão e Ação, 8(1), 91-104.
Rezende, E. Barroco mineiro: nação civilizada, patrimônio protegido. (2011). Monografia (Especialização em Cultura e Arte Barroca) - Instituto de Filosofia, Artes e Cultura, Universidade Federal de Ouro Preto.
Cidade Histórica de Ouro Preto. Extraído de: [http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/culture/world-heritage/list-of-world-heritage-in-brazil/historic-town-of-ouro-preto/]
Ouro Preto Minas Gerais 
– MG. Extraído de: [http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/minasgerais/ouropreto.pdf]

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)

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