O Turismo apresenta-se hoje como uma atividade económica de referência,
e tem assumido um papel cada vez mais importante e influente. É um setor
estratégico para a economia Portuguesa que contribui para gerar riqueza e
impulsionar a criação de novas oportunidades de emprego. Dado o elevado nível
de competitividade que enfrentamos neste mercado, e a necessidade de nos
afirmarmos como um destino turístico sustentável, é exigida uma aposta no nível
de qualidade dos serviços que são prestados a cada um dos visitantes. Segundo o
relatório realizado pela World Travel
& Tourism Council, ECONOMIC IMPACT 2017 PORTUGAL, o setor de Viagens e
Turismo gerou 371.500 empregos diretamente, em 2016, o que corresponde a 8,1%
do total de empregos, e prevê-se um crescimento de 3,4% em 2017, para 384.000.
Assim, a formação dos recursos
Humanos neste setor é evidente, visto que, para alcançarmos um serviço de
excelência, é exigida uma melhoria no nível de formação e especialização dos
profissionais de atividade turística. Este reforço pode constituir um fator
diferenciador, permitindo que Portugal se posicione como destinto turístico e
pronto para responder a novos desafios. O sucesso depende da capacidade de
atrair turistas, mas fundamentalmente da aptidão para responder às suas necessidades
e expetativas.
O Turismo é um setor bastante
complexo, que apresenta caraterísticas muito próprias e que abrange uma
diversidade de subsetores. É um “nicho” de serviços e produtos com uma forte
componente ao nível de recursos humanos, e que implica uma especialização em
áreas distintas, mas que no fundo se complementam, tais como a restauração, a
hotelaria, os transportes e as agências de viagens. Mas a qualidade do Turismo
não é determinada apenas pela qualidade das infraestruturas, como bons hotéis,
bons restaurantes e instâncias balneares, mas, em grande parte, pelas
lideranças fortes, especialização, preparação e pela continua atualização de
conhecimentos, dado que a realidade de hoje não é a mesma de amanhã, e os
clientes são cada vez mais exigentes.
De forma a atender às transformações do desenvolvimento no ecossistema
turístico, é primordial a definição de estratégias de gestão que promovam
práticas turísticas mais responsáveis e sustentáveis, a atenuação de impactos
negativos, um melhor ordenamento e uso dos territórios, pelo que recorrer a
recursos humanos habilitados é fundamental. “Um dos problemas recorrentes do
turismo e hotelaria é a falta de qualificação dos profissionais, portanto,
apostar na qualificação é urgente. Os clientes tornam-se mais exigentes, sendo
fundamental o sector acompanhar essa evolução, ser capaz de responder aos
desafios que o mercado coloca”, refere Susana Silva, professora do mestrado em
Direção Hoteleira do Politécnico do Porto.
Segundo dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), grande
parte dos funcionários envolvidos em atividades turísticas tem formação
deficiente. Apontando que na categoria alojamento, que inclui hotéis e outros
locais de hospedagem, cerca de 25% dos profissionais não passaram do nono ano
do ensino básico, e os que concluíram a faculdade representam 6% do total. No
setor de alimentação, apenas 1,8% concluíram o ensino superior, enquanto quase
24% só estudaram até à última etapa do ensino básico.
Posto isto, estar ao nível do
crescimento turístico do país aparece como uma das prioridades, nomeadamente
quando a formação dos agentes deste setor apresenta ainda algumas lacunas. Em Portugal, a evolução da
qualificação e formação em turismo tem sido notória, e a constante procura de
novos e melhores profissionais tem-se refletido na oferta de diferentes níveis
de ensino, com especial enfoque para o ensino profissional e técnico. Neste sentido, o Turismo de Portugal tem apostado
na formação de jovens e de profissionais do setor através da sua rede de
Escolas de Hotelaria e Turismo, presentes em todo o país.
As Escolas do Turismo de Portugal asseguram uma formação de qualidade
numa rede de 14 escolas, espalhadas por todo o país, oferecendo formação em todas
as temáticas do setor. Porém, longe vão os tempos em que a formação de turismo
estava restrita às escolas profissionais de hotelaria. Também este setor
atualmente usufrui de ciclos de estudo em Portugal, entre mestrados,
pós-graduações, cursos e programas avançados.
Contudo, apesar de alguns bons
exemplos de instituições formativas em Portugal, e toda a aposta no ensino que
se tem verificado, a definição de requisitos de formação e qualificação dos
recursos humanos do turismo ainda é principiante. Exigindo-se, deste modo, um
proveito das sinergias na área do turismo e outras dependentes que permitam
estabelecer requisitos de qualificação dos recursos humanos adequados à
complexidade e especificidade das diversas áreas do turismo, de forma a
conseguir acompanhar o desenvolvimento e as exigências deste setor.
Maria Madalena Vieira
Morais
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
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