segunda-feira, março 26, 2018

IMPORTÂNCIA DA QUALIFICAÇÃO E FORMAÇÃO NO SETOR DO TURISMO

O Turismo apresenta-se hoje como uma atividade económica de referência, e tem assumido um papel cada vez mais importante e influente. É um setor estratégico para a economia Portuguesa que contribui para gerar riqueza e impulsionar a criação de novas oportunidades de emprego. Dado o elevado nível de competitividade que enfrentamos neste mercado, e a necessidade de nos afirmarmos como um destino turístico sustentável, é exigida uma aposta no nível de qualidade dos serviços que são prestados a cada um dos visitantes. Segundo o relatório realizado pela World Travel & Tourism Council, ECONOMIC IMPACT 2017 PORTUGAL, o setor de Viagens e Turismo gerou 371.500 empregos diretamente, em 2016, o que corresponde a 8,1% do total de empregos, e prevê-se um crescimento de 3,4% em 2017, para 384.000.
   Assim, a formação dos recursos Humanos neste setor é evidente, visto que, para alcançarmos um serviço de excelência, é exigida uma melhoria no nível de formação e especialização dos profissionais de atividade turística. Este reforço pode constituir um fator diferenciador, permitindo que Portugal se posicione como destinto turístico e pronto para responder a novos desafios. O sucesso depende da capacidade de atrair turistas, mas fundamentalmente da aptidão para responder às suas necessidades e expetativas.
    O Turismo é um setor bastante complexo, que apresenta caraterísticas muito próprias e que abrange uma diversidade de subsetores. É um “nicho” de serviços e produtos com uma forte componente ao nível de recursos humanos, e que implica uma especialização em áreas distintas, mas que no fundo se complementam, tais como a restauração, a hotelaria, os transportes e as agências de viagens. Mas a qualidade do Turismo não é determinada apenas pela qualidade das infraestruturas, como bons hotéis, bons restaurantes e instâncias balneares, mas, em grande parte, pelas lideranças fortes, especialização, preparação e pela continua atualização de conhecimentos, dado que a realidade de hoje não é a mesma de amanhã, e os clientes são cada vez mais exigentes.
De forma a atender às transformações do desenvolvimento no ecossistema turístico, é primordial a definição de estratégias de gestão que promovam práticas turísticas mais responsáveis e sustentáveis, a atenuação de impactos negativos, um melhor ordenamento e uso dos territórios, pelo que recorrer a recursos humanos habilitados é fundamental. “Um dos problemas recorrentes do turismo e hotelaria é a falta de qualificação dos profissionais, portanto, apostar na qualificação é urgente. Os clientes tornam-se mais exigentes, sendo fundamental o sector acompanhar essa evolução, ser capaz de responder aos desafios que o mercado coloca”, refere Susana Silva, professora do mestrado em Direção Hoteleira do Politécnico do Porto.
Segundo dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), grande parte dos funcionários envolvidos em atividades turísticas tem formação deficiente. Apontando que na categoria alojamento, que inclui hotéis e outros locais de hospedagem, cerca de 25% dos profissionais não passaram do nono ano do ensino básico, e os que concluíram a faculdade representam 6% do total. No setor de alimentação, apenas 1,8% concluíram o ensino superior, enquanto quase 24% só estudaram até à última etapa do ensino básico.
    Posto isto, estar ao nível do crescimento turístico do país aparece como uma das prioridades, nomeadamente quando a formação dos agentes deste setor apresenta ainda algumas lacunas. Em Portugal, a evolução da qualificação e formação em turismo tem sido notória, e a constante procura de novos e melhores profissionais tem-se refletido na oferta de diferentes níveis de ensino, com especial enfoque para o ensino profissional e técnico. Neste sentido, o Turismo de Portugal tem apostado na formação de jovens e de profissionais do setor através da sua rede de Escolas de Hotelaria e Turismo, presentes em todo o país.
As Escolas do Turismo de Portugal asseguram uma formação de qualidade numa rede de 14 escolas, espalhadas por todo o país, oferecendo formação em todas as temáticas do setor. Porém, longe vão os tempos em que a formação de turismo estava restrita às escolas profissionais de hotelaria. Também este setor atualmente usufrui de ciclos de estudo em Portugal, entre mestrados, pós-graduações, cursos e programas avançados.
   Contudo, apesar de alguns bons exemplos de instituições formativas em Portugal, e toda a aposta no ensino que se tem verificado, a definição de requisitos de formação e qualificação dos recursos humanos do turismo ainda é principiante. Exigindo-se, deste modo, um proveito das sinergias na área do turismo e outras dependentes que permitam estabelecer requisitos de qualificação dos recursos humanos adequados à complexidade e especificidade das diversas áreas do turismo, de forma a conseguir acompanhar o desenvolvimento e as exigências deste setor.

Maria Madalena Vieira Morais

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)

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