Atualmente, Amesterdão é um destino
europeu muito atrativo, sendo várias as razões que contribuem para tal posição
de destaque. A capital dos Países Baixos exibe uma vasta rede de canais que são
Património Mundial da UNESCO e, além de embelezarem a cidade, permitem
explorá-la através de cruzeiros. Quem visita esta cidade pode apreciar diversos
monumentos e museus de renome mundial, resultado do seu passado histórico. O facto
de ser uma cidade amiga do ambiente vem também valorizar este destino, onde as bicicletas
são meios de locomoção com muita adesão, tanto pelos residentes como pelos
visitantes. Parte da procura turística por Amesterdão surge também pela sua maior
tolerância perante o consumo de marijuana e a prostituição.
Considerando todo o leque de atrações que
Amesterdão oferece, torna-se compreensível a sua elevada procura nos últimos
anos. Segundo dados do Conselho Mundial de
Viagens e Turismo relativos a 2016, as contribuições diretas do setor do
turismo para o PIB de Amesterdão tiveram um peso estimado de 4,1%. O setor exibe
ainda um efeito positivo no emprego, sendo que um em cada dez empregos na
cidade foi diretamente criado pelo turismo e são previstas taxas de crescimento
rápidas do emprego no setor do turismo para a próxima década. Porém, o elevado
número de visitantes em comparação ao número de residentes, cerca de 6
visitantes per capita em 2016, gera
preocupações.
O turismo massificado
pode, por vários meios, provocar alterações negativas na qualidade de vida dos
residentes que, temendo as consequências do turismo excessivo nas
circunstâncias futuras, poderão iniciar protestos contra os densos fluxos de
visitantes, em atos de turismofobia. Respondendo ao problema, em Amesterdão está
a ser aplicada uma abordagem alternativa para dispersar as multidões e evitar a
imposição de limitações ao turismo. Nos últimos anos, a equipa I Amsterdam, encarregue de supervisionar
o turismo na cidade, estudou o comportamento dos visitantes através dos dados
registados nos cartões City Card, que
são cartões adquiridos pelos mesmos para obter acesso a atrações, transportes e
descontos na cidade. Tendo encontrado padrões repetitivos nos percursos diários
dos visitantes, a equipa passou a intervir com sugestões de diferentes atrações
e de horários de visita menos movimentados como estratégia para evitar a
sobrelotação dos principais pontos turísticos. Outras medidas que tiram
proveito das tecnologias são: a transmissão de imagens ao vivo para mostrar o
estado das filas para as atrações mais populares; e o envio de notificações aos
utilizadores da aplicação móvel Discover
the City para alertá-los quando os locais que pretendam visitar estiverem demasiado
cheios, incentivando à exploração de diferentes zonas. A implementação destas
medidas estratégicas visa manter a cidade recetiva ao turismo e criar espaço
para um desenvolvimento turístico sustentável, a longo prazo.
Em cidades como Barcelona
e Veneza, a tensão social atingiu níveis graves. O ambiente é de uma forte aversão
face ao turismo por parte dos residentes, que associam o elevado número de
visitantes a vários problemas urbanos. Nestes casos, perante o descontentamento
manifestado pelos locais, as políticas adotadas para atenuar o problema têm
sido mais restritivas, limitando o número de visitantes acolhidos. Contudo, em
economias onde o setor do turismo possui um grande peso, a redução do grau de
abertura poderá trazer efeitos negativos. É nessa nota que em Amesterdão,
apesar das insatisfações geradas pelo turismo excessivo, o peso do setor sobre
a economia do país atua como um incentivo para que se procurem soluções
adequadas ao contexto social e económico. Os resultados dessas medidas ditarão
a direção das futuras decisões políticas.
Se ainda assim o futuro ditar
que é inevitável um apertar das regras mais intenso para que se atinjam volumes
sustentáveis de visitantes, será necessário encontrar meios para superar tal
desfecho, sendo que à cidade em questão seguramente não lhe falta potencial!
Ana Azevedo
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
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