Pensar
no turismo em Portugal conduz, indiscutivelmente, ao destaque das ilhas na
lista de destinos mais cobiçados. Por um lado, tem-se a Madeira, à qual se
associa a imagem de luxo dos grandes hotéis, a animação das festas (como o
Carnaval, tradição já enraizada), além das belas paisagens. Já o arquipélago
dos Açores, apresenta-se desde logo como um “paraíso verde” na sua beleza
natural arrebatadora, com uma flora praticamente intocada pelo Homem e uma
riquíssima fauna marítima.
Numa
conferência em dezembro de 2017, organizada pelo Expresso e pela Tranquilidade/Açoriana, foi discutido o futuro do
turismo açoriano, chegando-se à conclusão de que “o
caminho a seguir não pode ser o do turismo de massas”, que iria apagar
toda a genuinidade e pureza. Esta apreciação é corroborada por João Welsh,
administrador do grupo CBK: “A melhor estratégia para
os Açores é não se transformar num destino turístico, porque se for vai perder
os seus fatores diferenciadores”. Entenda-se o “destino turístico” como mais um
entre os demais, ou seja, tal como refere o professor Miguel Muñoz Duarte (NOVA – School Business
& Economics), importa “colocar os Açores no mapa internacional” sem os
deixar cair na banalização “da praia da Rocha ou o do Zezé Camarinha”. A ideia é criar uma “marca Açores”, ímpar e
apostada na natureza. O próprio CEO da Tranquilidade/Açoriana, o holandês Jan
de Pooter, realçou o imenso potencial, que pode ser comparado até ao da Nova
Zelândia, país referência no turismo da natureza.
Consultando
os dados do INE, percebe-se que, a partir de 2015, houve um crescimento mais
acentuado no turismo, tendo, nesse ano, o número de dormidas aumentado 18%, e,
em 2016, 21,1%. Esta tendência parece manter-se e, em 2017, 59% dos turistas
eram estrangeiros, vindos sobretudo do Norte da Europa. Apesar do panorama
positivo, ainda há uma larga margem de evolução e, para a possibilitar, um dos
aspetos a considerar é a segurança (por ser um arquipélago, os Açores estão
sujeitos a vários riscos, nomeadamente abalos sísmicos). Nesse sentido, segundo
uma publicação do Diário de Notícias, foi criado em 2017 o Centro Internacional
de Investigação dos Açores (Air Center),
conjuntamente com mais 7 países e várias universidades). Os objetivos primordiais, segundo Manuel Heitor, atual
ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, são a “criação de emprego” e
“um futuro sustentável”, a partir de uma avaliação das alterações do clima e
das suas consequências.
Sustentabilidade significa um avanço económico, social e
ecológico correto, e é esse o trajeto que os Açores pretendem seguir. Como tal,
a recompensa parece chegar já em 2019 sendo o primeiro arquipélago no mundo
certificado como destino turístico sustentável. Este prémio será concedido pelo
Global
Sustainable Tourism Council
e engloba vários critérios bastante rigorosos. Marta Guerreiro, secretária
regional da Energia, Ambiente e Turismo referiu que “é um processo longo e
envolve toda a comunidade”, exigindo-se assim um esforço de todos para que o
reconhecimento seja alcançado e, sobretudo, não seja perdido.
Entre os monumentos e as reservas
naturais, as paisagens rurais e as zonas balneares, muitas são as
possibilidades para desfrutar da experiência do deslumbramento nas nove ilhas
desta região: lagoas, baías, furnas, picos, traços indestrutíveis de origem
vulcânica, miradouros, vales e montanhas, diversidade da fauna e flora, o
interesse arquitetónico dos centros urbanos (o Centro Histórico de Angra do
Heroísmo é património mundial desde 1983). Não é por acaso que em 2016 os
Açores foram eleitos, pela National
Geographic Traveler (revista holandesa), um dos locais mais bonitos do
planeta. E há ainda tanto para descobrir por entre as muitas particularidades,
que se torna impossível resistir a este encanto telúrico único. Desta forma, a
palavra-chave é preservar o natural e o singular para que os Açores sejam “o
destino” e não “mais um destino”.
Inês
Magalhães Castro Silva
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
Sem comentários:
Enviar um comentário