Como é de conhecimento geral, o património português é
rico e diversificado. Portugal conquistou a independência em 1143, o que
historicamente proporciona um oceano de riqueza cultural e patrimonial ao longo
de quase um milénio de existência de cultura portuguesa. Entre 1580 e 1640,
Portugal esteve sob domínio espanhol, mas, com exceção deste período, desde
1297 que Portugal mantém as suas fronteiras.
Portugal desde sempre teve uma localização geográfica
por excelência, ao possuir acesso terreno à Europa, e à América e ao continente
africano por via marítima. Aliás, essas explorações marítimas encetadas em 1415
foram determinantes na influência da cultura portuguesa, não só ao nível do
património histórico e bélico como também a nível literário (os mares nunca
antes navegados que inspiraram Camões, por exemplo), gastronómico (as
especiarias vindas do Brasil), cultural, pecuniário (ouro e diamantes),
educacional, arqueológico, arquitetónico e artístico, até pela presença no
território de povos como os Visigodos, Árabes, Romanos e Celtas.
Esta expansão mundial permite que hoje a língua
portuguesa seja uma das línguas mais faladas em todo o mundo, marca
incontornável decorrente da influência portuguesa nas ex-colónias, compreendidas
nos continentes asiático, africano e americano, pelo que é justo afirmar que a
presença e vestígios lusitanos por todo o mundo são um sinal inegável.
Não obstante toda as prerrogativas históricas,
atualmente encontramos em Portugal uma adesão turística intensa, motivada
também por fatores geográficos. O sol e toda a extensão da costa litoral
portuguesa oferecem um conjunto de atrações sazonais que movimenta milhões de
turistas todos os anos. Também a imensa variedade de serras e montanhas, e até
as maravilhosas paisagens bucólicas nacionais, oferecem razões mais que
suficientes para que Portugal seja um fruto turístico com um suco maravilhoso
de se colher ao longo de todo o ano.
Não obstante todas as vantagens supramencionadas, há
um problema dececionante no turismo que é inveterado, o que acaba por reduzir o
potencial turístico em grande escala: a inadaptação do turismo a pessoas especiais,
sejam pessoas de mobilidade reduzida ou com problemas visuais, auditivos,
neuro-sensoriais, entre outros. Como foi evidenciado anteriormente, embora haja
mil e uma razões para visitar Portugal, se os espaços culturais, como os
museus, castelos, igrejas, muralhas, pelourinhos, entre outros artefactos, não
se encontrarem adaptados para um público especial, isto é, de mobilidade mais
reduzida, tal pode constranger os lesados, levando à não adesão do público-alvo
aos nossos meios turísticos.
Também no acesso a praias, redes fluviais, centros
históricos, serras, música (como o fado ou o Cante Alentejano) e o acesso à
nossa cultura devem ser observado na perspetiva de e atendendo às necessidades
do potencial utilizador mais carenciado, como fator de inclusão para combater a
descriminação turística de exclusão ainda muito presente em Portugal.
Para melhor ilustrar um modelo a seguir, iremos usar o
exemplo de inclusão social presente no museu de história natural de Senckenberg,
em Frankfurt, na Alemanha. Este museu de história natural está apetrechado com
condições para pessoas portadoras do mais variado género de limitações. Tem
elevadores adaptados para pessoas com mobilidade reduzida (que necessitem de
cadeiras de rodas ou andarilhos, por exemplo) e ainda uma ala reservada ao
público portador de deficiência visual, através de descrições de textos em
braile e também a existência de bustos feitos de materiais salientes e
acessíveis ao toque, cuja finalidade é adaptar-se às necessidades do portador
da deficiência visual, o que permite que estes experienciem diversos estímulos
sensoriais, que de outra forma não seriam capazes de os experienciar.
Ainda que este campo tenha um futuro com muito
trabalho por desenvolver em Portugal, já existem algumas empresas que oferecem serviços
e sugestões de rotas e programas turísticos adaptadas a este público com
necessidades especiais, como a Go Gal –
Access Portugal ou a Places 4 all.
Por fim, podemos concluir que trabalhar nesta área, na
área da inclusão socio-turística, é uma aposta patriótica, porque é apostar no
nosso crescimento e no nosso futuro. Apostar no bem-estar do outro é apostar no
nosso bem-estar.
Ana Beatriz Peixoto
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
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