Há na vila transmontana
de Montalegre uma tradição amaldiçoada. Falo da Noite das Bruxas, um
acontecimento bem conhecido de muita gente e que traz um sem número de pessoas
até Montalegre todas as sexta-feira que no calendário coincidem com o dia treze
de qualquer mês.
É um evento que se pode
presenciar em qualquer altura do ano, assim o calendário ajude, e nem o frio
polar nem o calor abrasador demovem as bruxas e os foliões que aparecem um
pouco de todo lado, inclusive do país logo ali ao lado, Espanha.
Trata-se de uma tradição
iniciada pelo já famoso Padre Fontes, um pároco da região que teve a ideia de
juntar ao costume americano, o Halloween,
uma tradição de uma terra vizinha de Montalegre, Vilar de Perdizes. Começou por
ser uma cerimónia de pequenas dimensões, tratando-se na sua essência de um
jantar de amigos bem-dispostos, ao qual sucedia o ingerir da “queimada”, bebida
de receita misteriosa, mas devidamente abençoada pelo próprio Padre Fontes. De
resto, este é, atualmente, o principal anfitrião e personagem deste evento. A
ele coube a invenção e a sua dinamização ao longo dos anos, segundo consta,
desde 2002.
Toda a noite, e até o
dia, embora com menor afluência, é de festa, com muita animação, devidamente
apoiada pela câmara municipal local, mas também por muitos outros personagens que
se vão espalhando pelas ruas. Passa-se no centro da vila transmontana mas tem
como epicentro o Castelo Medieval, património imponente e bem enquadrado com
toda a peça que se apresenta em palco. Ali, o herói, Padre Fontes, liberta as
bruxas, que simbolizam a sabedoria popular, para enfrentarem o mal, e o culminar
de toda a encenação dá-se com as falas já tradicionais, em que o Pároco convida
todos a beberem da sua queimada e a expulsar de si todos os males.
O evento apresenta um
crescimento constante e teve na última sexta 13, em Outubro de 2017, o seu
maior registo de participantes, com um cálculo estimado de cerca de 60 mil
visitantes. Todo o alojamento local encontrava-se esgotado, tendo também
chegado até às localidades vizinhas, desde Vilar de Perdizes a Chaves.
Naturalmente, o impacte económico é consideravelmente significativo,
essencialmente para os pequenos empresários locais. Sabe-se que o valor
despendido pela câmara ronda os 150 milhares de euros, o que se trata
naturalmente de um investimento, face aos retornos que traz para a própria
vila, como para os seus habitantes, tanto em prestígio e reconhecimento como em
fator de desenvolvimento de riqueza, de qualquer natureza.
António
Pedro Pereira
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
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