quinta-feira, março 08, 2018

Arte e Turismo: a onda dos festivais de verão

A cultura pop é capaz de mover multidões, dos mais pequenos fascinados por musicais da Disney aos mais velhos que são atraídos pelos festivais de música que animam o verão. E, pela dimensão do fenómeno, assente no entusiasmo de fãs e espírito sociável, estes festivais constituem já um fator importante de crescimento do turismo em Portugal.
Em 2015, o presidente do Turismo de Portugal, João Cotrim Figueiredo, declarou ao Expresso que a instituição pretendia apoiar os festivais de verão, replicando uma solução já incrementada no golfe. A ideia seria constituir uma plataforma digital, na qual estrangeiros podem inscrever-se, e promovendo a oferta de experiências de modo a valorizar o nosso país. Aqui, observa-se uma aposta clara nas novas técnicas de marketing, com o intuito de mostrar Portugal como grande promotor destes eventos, já com impacto no aumento turistas festivaleiros vindos do estrangeiro. E, embora a atração principal sejam os artistas, não se descura a imagem de bem receber que Portugal tem construído como marca distintiva. Em entrevista ao Ambitur, reitera a importância de nos posicionarmos “como o maior destino de festivais da Europa”, por estes garantirem uma forte exposição mediática ao longo do ano.
A mesma organização, agora liderada por Luís Araújo, insiste na preponderância dos festivais de verão como “veículos turísticos”. No fórum internacional Talkfest (2017), o responsável afirmou que no ano anterior se atraíram 60 mil turistas estrangeiros, referindo ainda que “há terreno a ganhar” pois Portugal tem “bom clima, baixos custos, boas condições de alojamento e alimentação, há vantagens competitivas”. Nesse ano, seguindo esta visão, o Turismo de Portugal apoiou eventos consagrados da área, como o Nos Alive e o Meo Sudoeste, sendo os turistas provenientes sobretudo de Espanha e do Reino Unido. Em termos de investimento realizado, de acordo com Jornal de Negócios, a entidade demonstra um claro interesse em promover os festivais no exterior, tendo disponibilizado cerca de meio milhão de euros em 2016, e iniciado uma estratégia global para difundir Portugal além-fronteiras. Assim, os festivais de música são já um cartão-de-visita, sendo referenciados em sítios na internet como o “visit Portugal”.
Do rock ao hip hop, do folk à música eletrónica, os espetáculos de música correspondem às expetativas de quem vem de fora, tendo impacto positivo noutros negócios, como a hotelaria e a restauração. Elencando alguns dos festivais mais esperados, tem-se inevitavelmente o Nos Alive, que em 2016 foi considerado pela CNN um dos 10 melhores festivais do mundo. De entre as 55 mil pessoas esperadas em 2017, 21 mil eram turistas estrangeiros, público atraído por aquele que é um dos melhores cartazes. O Rock In Rio aparece de dois em dois anos e é claramente aquele que apresenta uma maior variedade de artistas, conseguindo captar pessoas com diferentes preferências. Abrindo caminho ao rock e hip hop, em julho surge o Super Bock Super Rock, no Parque das Nações, em Lisboa, no qual, para além da música, pode disfrutar-se de uma paisagem incrível junto do Rio Tejo. Saindo da capital, o Marés Vivas e o Nos Primavera Sound, no Porto, são boas alternativas, destacando-se ainda a norte o Vodafone Paredes de Coura e o EDP Vilar de Mouros (o mais antigo), e o Meo Sudoeste, na Zambujeira do Mar, opções para aqueles que querem conciliar a música com o prazer da natureza (rio/mar).
 São muitos e bons os festivais que o nosso país oferece, mérito inquestionável das empresas promotoras de eventos, que acrescentam ao vigoroso poder da música estratégias de marketing infalíveis. Seguindo este caminho, existem já em vários festivais outras diversões, além de concertos, complemento essencial para a diferenciação que conquista mais e novos públicos-turistas. Uma boa organização e divulgação são imprescindíveis para o sucesso, porque nada se consegue sem esforço e fazer crescer o turismo é fazer crescer Portugal!

Inês Magalhães Castro Silva


(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)

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