terça-feira, março 06, 2018

O turismo de compras: uma nova realidade em Portugal?


Os dias que hoje vivemos são a conquista de uma luta já há muito travada. De Norte a Sul, encontramos uma diversidade de paisagens, de gastronomia e de vinhos que tornam Portugal um destino invejável e inesquecível para aqueles que o visitam. Muitas vezes, lemos nas notícias que o turismo em Portugal está a viver o melhor momento de sempre e que os gastos dos turistas nunca apresentaram valores tão altos. Mas afinal onde é que os turistas mais gastam? Sem dúvida que o pódio é liderado pelas viagens e hotéis.
Segundo os resultados preliminares do INE (Instituto Nacional de Estatística), em 2017 os estabelecimentos hoteleiros registaram 57,5 milhões de dormidas, o que corresponde a um aumento anual de 7,4% relativamente ao ano transato. As dormidas dos mercados externos representaram 72,4% das dormidas totais.
No entanto, João Vasconcelos, ex-secretário de Estado da Indústria e presidente do comité organizador do Summit Shopping Tourism & Economy Lisbon 2018, em entrevista ao Diário de Notícias, afirma que “O comércio pode tornar-se o maior gasto dos turistas em férias.” Num mundo cada vez mais comercial, onde o consumismo se assume como um fator preponderante, os mercados poderão encontrar uma oportunidade de negócio muito favorável. Um estudo realizado pela consultora Global Blue mostrou que Portugal foi o país que mais cresceu em tax free shopping em 2017. Os turistas extracomunitários gastaram num dia de compras o mesmo que os europeus numa semana. Os chineses são quem mais gasta em Portugal, apresentando um valor médio de compras de 642 euros por dia. Logo a seguir vêm os americanos (506 euros por dia) e por fim os angolanos (252 euros por dia).
Para João Vasconcelos, “Nós estamos perante um dilema: mais do que aumentar o número de turistas, temos de aumentar o retorno de cada turista no país gasto por turista, e a melhor maneira é através do comércio e da gastronomia”. Este, defende que, à semelhança de Londres ou Paris, Portugal pode tornar-se também um destino para turismo de compras, não tanto pelo consumo das marcas de luxo mas pela gastronomia e vinho.
Numa época em que os turistas se apresentam cada vez mais exigentes e onde a oferta é cada vez maior, porque não utilizar aquilo que nos carateriza e nos diferencia dos restantes destinos como um trunfo, para reter e aumentar os gastos dos mesmos?
Se num dia os turistas visitam a região Minho e provam as típicas papas de sarrabulho ou o famoso Pudim de Abade Priscos, no outro podem passar pela região da Beira Litoral e experimentar os tão apetecíveis ovos-moles de Aveiro. E antes que a sua estadia termine têm ainda a oportunidade de saborear as típicas migas alentejanas, que acompanhadas com um bom vinho português deixam qualquer um rendido.
Pelo clima e pelas pessoas, pela gastronomia e pelas paisagens, a marca “Portugal” tem tudo para deixar de ser só reconhecida pelo futebol e pelo fado e passar a ser conhecida como o país onde se vai e de onde não se quer sair.   

Maria João Lopes

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)

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