Os
dias que hoje vivemos são a conquista de uma luta já há muito travada. De Norte
a Sul, encontramos uma diversidade de paisagens, de gastronomia e de vinhos que
tornam Portugal um destino invejável e inesquecível para aqueles que o visitam.
Muitas vezes, lemos nas notícias que o turismo em Portugal está a viver o
melhor momento de sempre e que os gastos dos turistas nunca apresentaram
valores tão altos. Mas afinal onde é que os turistas mais gastam? Sem dúvida
que o pódio é liderado pelas viagens e hotéis.
Segundo
os resultados preliminares do INE (Instituto Nacional de Estatística), em 2017
os estabelecimentos hoteleiros registaram 57,5 milhões de dormidas, o que
corresponde a um aumento anual de 7,4% relativamente ao ano transato. As
dormidas dos mercados externos representaram 72,4% das dormidas totais.
No
entanto, João Vasconcelos, ex-secretário de Estado da Indústria e presidente do
comité organizador do Summit Shopping
Tourism & Economy Lisbon 2018, em entrevista ao Diário de Notícias,
afirma que “O comércio pode tornar-se o maior gasto dos turistas em férias.”
Num mundo cada vez mais comercial, onde o consumismo se assume como um fator
preponderante, os mercados poderão encontrar uma oportunidade de negócio muito
favorável. Um estudo realizado pela consultora Global Blue mostrou que Portugal foi o país que mais cresceu em tax free shopping em 2017. Os turistas
extracomunitários gastaram num dia de compras o mesmo que os europeus numa
semana. Os chineses são quem mais gasta em Portugal, apresentando um valor
médio de compras de 642 euros por dia. Logo a seguir vêm os americanos (506
euros por dia) e por fim os angolanos (252 euros por dia).
Para
João Vasconcelos, “Nós estamos perante um dilema: mais do que aumentar o número
de turistas, temos de aumentar o retorno de cada turista no país gasto por
turista, e a melhor maneira é através do comércio e da gastronomia”. Este,
defende que, à semelhança de Londres ou Paris, Portugal pode tornar-se também
um destino para turismo de compras, não tanto pelo consumo das marcas de luxo
mas pela gastronomia e vinho.
Numa
época em que os turistas se apresentam cada vez mais exigentes e onde a oferta
é cada vez maior, porque não utilizar aquilo que nos carateriza e nos
diferencia dos restantes destinos como um trunfo, para reter e aumentar os
gastos dos mesmos?
Se
num dia os turistas visitam a região Minho e provam as típicas papas de
sarrabulho ou o famoso Pudim de Abade Priscos, no outro podem passar pela
região da Beira Litoral e experimentar os tão apetecíveis ovos-moles de Aveiro.
E antes que a sua estadia termine têm ainda a oportunidade de saborear as
típicas migas alentejanas, que acompanhadas com um bom vinho português deixam
qualquer um rendido.
Pelo
clima e pelas pessoas, pela gastronomia e pelas paisagens, a marca “Portugal”
tem tudo para deixar de ser só reconhecida pelo futebol e pelo fado e passar a
ser conhecida como o país onde se vai e de onde não se quer sair.
Maria João Lopes
(Artigo
de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de
opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no
2º semestre do ano letivo 2017/2018)
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