Quando falamos em recursos
turísticos que distinguem Portugal de outros destinos, os principais elementos
para o qual o nosso pensamento reverte é para o clima, as paisagens, as praias,
a história, a tradição. Porém, Portugal têm muito mais para oferecer. Há muitos
outros recursos turísticos que contribuem para que Portugal seja hoje um dos
destinos mais procurados e recomendados, como é o caso do vinho. O vinho e o
turismo estão ligados há muito tempo, mas apenas recentemente têm ganho
reconhecimento pela indústria turística. Para o turismo, o vinho é um grande
fator de estímulo, dado que os vinhos portugueses são cada vez mais apreciados
em todo o mundo.
A atividade turística onde está inserida a
cultura do Vinho designa-se de Enoturismo, esta é a atividade que alia todos os
aspetos inerentes à cultura do vinho com o turismo, promovendo o conhecimento
das etapas do processo produtivo do vinho, dos seus aromas e sabores. É uma
forma de construir relações com os clientes, que podem experimentar e conhecer
os produtos em sua essência, e convida ainda a vivenciar a cultura e a tradição
local de forma a contextualizar a importância histórica desta atividade
agrícola na região. No fundo, o Enoturismo compreende “visitas a vinhas,
adegas, festivais vitivinícolas e eventos do vinho e da uva nos quais se prova
o vinho e/ou se experienciam os atributos de uma região vitivinícola”.
Em Portugal, dada a sua geografia e clima, o
Enoturismo é uma atividade em ascensão, sendo as regiões do Douro e Alentejo
grandes polos de atração desta atividade. Dado este fator, as apostas do
turismo têm sido cada vez maiores, para além de que se acredita que esta é uma
atividade que pode dar um contributo muito importante para trazer valor às
regiões e mais emprego e, também, para valorizar o produto mais importante
destas regiões, que é o vinho.
Segundo dados de um estudo elaborado para a
Associação das Rotas do Vinho de Portugal, as unidades de Enoturismo receberam
2,2 milhões de visitantes em 2016, um número que representa cerca de 10% do
total de turistas registrados no ano passado em Portugal. Além de ser uma
atividade em ascensão, têm ganho grande notoriedade e reconhecimento
internacional, como se pode comprovar com a atribuição dos prémios que têm
auferido: em 2017, A "Great Wine Capitals" elegeu o novo Centro de
Visitas da Quinta do Bomfim, da família Symington, como o vencedor Global na
categoria de Serviços de Enoturismo na edição dos prémios Best of Wine Tourism;
em 2018, o Centro de Interpretação e Promoção do Vinho Verde (CIPVV), em Ponte
de Lima, venceu a categoria “Arte e Cultura” do prestigiado concurso Best Of Wine Tourism Awards, que premeia
a excelência e as melhores práticas de Enoturismo.
O Douro é a mais antiga Demarcação Vinícola
do mundo. Fortemente montanhosa, a região encontra-se protegida da influência
atlântica pela Serra do Marão. O clima é habitualmente seco, com invernos frios
e verões muito quentes, dando caraterísticas únicas a estes solos que são
benéficas para a longevidade das vinhas e permitem mostos mais concentrados de
açúcar e cor. É no Douro que nasce o Vinho do Porto, principal embaixador dos
vinhos Portugueses. Mas este não é o único atrativo, uma vez que nos últimos
anos os vinhos de mesa do Douro têm vindo igualmente a ganhar uma grande
expressão a nível internacional. O Vinho do Porto, mais do que um vinho natural
e fortificado, é um símbolo de uma região e um grande atrativo turístico, que
sempre teve e continua a ter apreciadores por todo o mundo que querem conhecer
mais sobre ele. Para isso, deslocam-se às caves em Vila Nova de Gaia para
saberem um pouco mais e conseguirem perceber bem tudo o que envolve este
produto. É quase implícito afirmar que um turista, quando vem a Portugal e ao
Porto, não deixa de fazer uma visita a uma ou a várias caves de Vinho do Porto.
As caves são quase todas já centenárias, e
no que diz respeito ao seu funcionamento, todas elas são muito parecidas, dado
que seguem um programa de visita idêntico, sendo que é frequente, para além da
visita guiada às adegas onde são amadurecidos os vinhos em pipas de diversos
tamanhos, a existência de provas de vinhos. Nesta cidade, existe também o
Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, onde se pode encontrar, para além de
uma loja com vinhos desta região, livros sobre estes vinhos e a região
vinhateira.
Em conclusão, na minha opinião, o sucesso e
crescimento do Enoturismo em Portugal é notório, porém, há aspetos que podem
ser sempre melhorados no que diz respeito às condições das visitas às caves e às
quintas, e, principalmente, no que diz respeito à promoção da oferta, onde é
fundamental apostar no reforço da informação turística sobre a oferta do
Enoturismo e fomentar a ação promocional. Tal como foi referido pela diretora
da AEPVS, Isabel Marrana, ainda não temos o que cidades como Bordéus têm, que é
a capacidade de envolver o turista desde que aterra.
Maria Madalena Vieira
Morais
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
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