segunda-feira, março 11, 2019

A mudança inesperada da localização da “Feira Afonsina”

A antiquíssima Procissão do Corpo de “A Feira Afonsina”, que já existe desde 2010, aparece já como consolidada nos roteiros dos eventos de recriação histórica em Portugal, tendo a particularidade de ter como cenário privilegiado o centro histórico de Guimarães, classificado como Património Cultural da Humanidade.
Durante os dias do evento, quem decidir/conseguir visitar Guimarães verá recriado um ambiente vivido numa época longínqua da fundação da nossa nacionalidade, ofertando um conjunto de experiências intensas e momentos certamente inesquecíveis, que ocorrerão nos espaços temáticos e de interação que serão preparados para lhe proporcionar a sensação de ter sido “transportado no tempo”, existindo várias áreas temáticas, como “Arraial”, “Largo do Oculto”, “Jardim dos Infantes”, “Praça de Mercar”, “Quelho das Desgraças”, “Largo dos Duques” e, ainda, uma zona com “Iguarias” e “Mercadores”. “Comprova-se que este evento (Feira Afonsina) tem já uma marca de rigor, de recriação, uma marca pedagógica e contribui para que os vimaranenses e os portugueses entendam melhor a época que nos definiu como país”, afirmou Adelina Pinto, vice-presidente da Câmara Municipal de Guimarães.
Contudo, apesar do sucesso consecutivo apresentado pelo evento todos os anos, registando sempre a visita de milhares de pessoas ao centro histórico da cidade de Guimarães, a autarquia vimaranense declarou que a próxima edição, que se irá realizar entre 21 a 24 de junho, não irá contar com programação situada no “centro histórico”. Esta alteração da Feira Afonsina não tem reunido o consenso entre os vimaranenses.
Na minha opinião, e como vimaranense, penso que esta mudança, se não estiver a ser condicionada por uma possível falta de capital por parte da câmara para a manter no seu local habitual e tiver sido apenas uma escolha, irá prejudicar toda a mística por de trás deste acontecimento. Lembro-me de passear pelo Centro Histórico de Guimarães durante este evento, e era algo simplesmente magnífico. Conheci lugares que, caso este evento não se situasse neste local, não conheceria, e os comerciantes de lá tenho a certeza que também agradeciam esta localização, com certamente um aumento de clientela que surgirá não só por parte de pessoas que vivem em Guimarães mas de toda a parte do país e até mesmo estrageiros, como já consegui comprovar. E até mesmo estas pessoas “de fora” seguramente irão ficar contentes por terem um local tão histórico, reconhecido pela UNESCO, como local onde poderão apreciar todas as atividades que este evento lhes irá proporcionar.
O consenso não existiu só entre os vimaranenses mas também entre os autarcas da câmara municipal. O vereador do PSD, Ricardo Araújo, afirmou que "A Feira Afonsina no Centro Histórico tem tido um balanço positivo. Não vemos razões para as alterações e receamos o impacto negativo que possa ter na atração de pessoas, de turistas e até no comércio local, particularmente na zona onde tem estado implantada”, algo com que concordo por completo.
É um risco, sem dúvida que é. Não consigo perceber a razão por de trás desta mudança. Porém, só após o evento é que iremos poder exibir os factos e constatar se esta alteração foi, ou não, realmente algo positivo.

Fábio Silva

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)

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