segunda-feira, março 18, 2019

Turismo de Natureza: o caso do Parque Nacional Peneda-Gerês

O turismo de natureza consiste numa vertente do turismo mais ligada e com base na natureza de um certo local. Este tipo de turismo assenta na observação e na prática de atividades turísticas em contacto com a natureza. Segundo o ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas), cerca de 21% do território nacional é formado por áreas com forte valor natural, paisagístico e de biodiversidade. Perante isto, podemos constatar que o turismo de natureza em Portugal tem uma quantidade de território considerável que permite o seu crescimento.
Apesar de o território português apresentar um valor significativo de áreas com grande valor natural, e apesar de existirem vários parques naturais, como é o caso do Montesinho e Douro, e de reservas naturais, como, por exemplo, o Estuário do Tejo e as Berlengas, o Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) apresenta-se, a nível nacional, como um local com grande potencial para ser estudado nesta vertente do turismo natural, por toda a preservação de espécies e de paisagem que se materializa nesta tão vasta área, que abrange vários concelhos do Norte de Portugal. Para além disso, o PNPG é a única área protegida com o estatuto de Parque Nacional em Portugal. Não podemos, porém, esquecer que também as ilhas dos Açores e da Madeira têm um grande potencial para o desenvolvimento deste tipo de turismo, por todas as suas caraterísticas peculiares de natureza geológica e de biodiversidade, que constituem um cenário brilhante.
Vamos assistindo, nos últimos anos, ao aumento do número de agentes que têm reconhecimento para a prática de Atividades de Turismo de Natureza. Em 2015, e segundo o Registo Nacional de Agentes de Animação Turística, seriam cerca de 500 agentes. Tem aumentado também, segundo estatísticas do ICNF, o número de visitantes a Áreas Protegidas em Portugal, porém, contrariamente a estes dados, verificamos que no caso do PNPG as visitas guiadas têm vindo a diminuir de ano para ano, aparecendo maior procura em anos anteriores. Não faz sentido, portanto, que a área protegida de maior classificação em Portugal esteja em aparente declínio no que diz respeito à sua aproveitação na vertente do turismo. O PNPG, oferece, realmente, uma paisagem sensacional, vários trilhos onde se pode ter a sorte (ou o azar) de se encontrar animais selvagens, e até várias cascatas onde se pode refrescar nos tempos mais quentes. Portanto, o que falha nesta área para que a procura pelo turismo de natureza acompanhado esteja a diminuir?
Penso que para que este desenvolvimento ocorra, as instituições que governam esta área têm de delinear novas estratégias para aumentar o interesse do turista naquilo que o PNPG tem para oferecer. No meu ponto de vista, deveria haver um aperfeiçoamento nos serviços turísticos que servem de apoio ao visitante. Por exemplo, a nível de sinalização, penso que deveria haver uma melhor sinalização nos percursos pedestres, que por vezes se encontram pobremente sinalizados e que fazem com que as pessoas se percam neles. É de notar também que estes percursos precisam de constante limpeza para que a passagem por eles seja realizável. Deveria também existir um melhoramento a nível dos serviços de transporte, que se apresentam escassos nesta área, bem como nos postos de informação do PNPG. Seria também de interesse para o aumento de turismo nesta área uma maior oferta de restaurantes e hotéis ou de outros serviços de apoio ao turista, com um maior alargamento do horário de funcionamento destes. Penso também que, no caso do PNPG, a oferta de atividades de ocupação dos tempos livres dos turistas não é muito alargada. Além disso, deveriam ser mais bem aproveitados os recursos como, por exemplo, os rios, onde poderia existir um maior aproveitamento dos desportos aquáticos.
Para que este desenvolvimento ocorra é essencial que haja, por parte das organizações competentes, estratégias traçadas a nível económico, social, cultural e natural. Se estes níveis estiverem interligados irá então resultar um bom aproveitamento do Turismo de Natureza nesta área, que beneficiará tanto os turistas como o próprio PNPG, e também as aldeias desta área, que cada vez têm menos habitantes.
Por último, é importante mencionar que todo este desenvolvimento tem que ser regrado e devidamente controlado, pois se este se tornar num turismo massificado podem surgir problemas em relação à preservação da paisagem e das caraterísticas locais, devido à degradação da natureza. Por isso mesmo, é importante que nestas estratégias de desenvolvimento estejam também presentes estratégias para a preservação da natureza, talvez por via de um maior controle e de uma maior fiscalização, para que as gerações futuras possam ainda ver o que de melhor a natureza nos dá.

Tiago Dinis Cruz Santos Fernandes[1]



[1] Aluno do mestrado em Geografia- Planeamento e Gestão do Território na Universidade do Minho, nº PG38493.

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “economia e Política Regional”, do curso de Mestrado em Geografia do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)

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