segunda-feira, março 18, 2019

Feira Afonsina, em Guimarães

         A feira afonsina cativou o meu interesse no sentido em que consegue movimentar uma massa populacional todos os anos até à cidade-berço. A própria população vimaranense também desempenha um papel fundamental, vestindo-se a rigor e representado o ambiente de época medieval. Desde 2011, todos os anos, na terceira quinta feira do mês de junho, Guimarães remonta aos tempos medievais em pleno Património Mundial da UNESCO, o centro histórico que, dotado de uma arquitetura mediável, é transformado numa feira medievel onde é possível encontrar figurantes e personagens vestidos a rigor, respeitando um tema alusivo ao retrato de outros tempos, abrangendo locais como Largo da Oliveira, Praça do Município, Praça de Santiago e Largo Cónego José Maria Gomes, que durante quatro dias (desde 2016) estão repletos de atrações para os visitantes, como dezenas de mercadores vestidos consoante a época retratada, e workshops, entre outros momentos de animação. 
         A Feira Afonsina, no que toca a investimento autárquico no passado ano, teve direito a 200 mil euros, com um retorno económico de 30 mil euros, contudo, o objetivo principal do evento não é o lucro mas sim a promoção da cidade e da sua história – avança a vice-presidente da Câmara de 2018 para o Correio do Minho. O evento conta com o suporte de entidades locais: no ano de 2015, estavam inscritos 230 voluntários, 19 grupos de animação, 29 associações e 52 estabelecimentos comerciais que aderiram à feira. Nos últimos anos, a cidade de Guimarães tem contado com cerca de 250 000 visitantes que vão em busca de uma experiência única, num ambiente que representa tempos de outrora.
         O evento procura encontrar uma conexão do turismo, através da atração de visitantes, com a cultura, através da associação a grandes eventos históricos. Por exemplo, no ano passado o tema central foi a recriação do Tratado de Zamora, simbolizando o início da dinastia afonsina e a independência do condado portucalense. Em 2017, foi recriado em pleno centro histórico o batizado de D. Afonso Henriques. É possível assim aos turistas aproveitar um bom momento de entretinimento com as diversas atividades. A nível gastronómico, é também possível experienciar comida regional, ao mesmo tempo que é possível aproveitar uma boa dose de cultura.
Em 2016, o tema da feira foi o “Reencontro de Valdevez”, evento histórico que remonta a 1141, onde o melhor cavaleiro de D. Afonso Henriques e o melhor cavaleiro do seu primo, D.Afonso VII de Castela, disputaram um torneio medieval a cavalo, onde Portugal acabou por sair vitorioso e os cavaleiros leoneses foram detidos, de acordo com o código da cavalaria medieval. Este tema, para além de providenciar os visitantes cultura, foi também uma peça importante na conexão política inter-regional entre os municípios de Guimarães e Valdevez: em 2016, o vereador da cultura da Câmara Municipal de Guimarães afirmou, numa notícia do jornal Público, que se tinha em vista um reforço da sinergia entre os municípios, de forma a uma melhor representação histórica da Feira Afonsina. Em busca de manter consistência neste ponto de política inter-regional, o presidente da Autarquia avançou na mesma notícia que a colaboração com outras cidades será para continuar em futuras versões, como forma de dar “dimensão” ao evento.
Em suma, a feira é um evento que consegue combinar cultura, gastronomia e turismo com uma viagem ao passado. O património cultural da cidade também dá o seu requinte à experiência do turista.

Francisco Maia

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “economia e Política Regional”, do curso de Mestrado em Geografia do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)

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