segunda-feira, março 18, 2019

Impacte do ensino superior no desenvolvimento regional: o caso da Universidade de Évora

         As instituições de ensino superior (IES), na atualidade, são indispensáveis para um crescimento coeso e sustentável de uma determinada área ou região. Isto na medida em que os IES contribuem para o desenvolvimento socioeconómico, aprofundando o conhecimento e pesquisa nas diferentes áreas.
         Porém, as IES deparam-se com contestações, na medida em que as atividades estejam ou não próximas das necessidades do mercado. Posto isto, o tema do relatório é o “Impacto do ensino superior para o desenvolvimento regional: Reflexão a partir de seis estudos de casos”, abordando os impactes na dinâmica social, o impacte na atividade económica e os impactes no emprego e na qualificação da população.
O ensino superior, de formação inicial e contínua, assim como a respetiva formação, são, na minha opinião, essenciais para o desenvolvimento socioeconómico de uma região, sobretudo nos dias de hoje, onde a competitividade entre empresas assume caráter global. Sendo assim, existe a necessidade das empresas recrutarem pessoas que apresentam habilitações académicas de graus superior. Segundo Arbo e Bennewort, O potencial de desenvolvimento e crescimento económico de um país, de um território, está estrategicamente ligado ao valor do seu capital social e do conhecimento”.
Com isto, retiramos que as instituições de Ensino Superior apresentam impactes diretos e também indiretos, exemplo disso são as consequências diretas no sistema demográfico, pelo motivo que origina novos residentes, tanto na sua face de formação académica como também numa fase pós-graduação, ou seja, aqueles que arranjam emprego na região após término dos estudos. Consequentemente, esta dinâmica vai apresentar efeitos diretos nos fluxos de consumo como nas caraterísticas do mercado e de emprego.
Os casos que foram alvo de análise demonstram a multidimensionalidade e complexidade que envolve as IES, assim como os seus contextos de influência territorial. Contudo, estes casos não foram tratados de forma igual, com modelos metodológicos diferentes e os graus de aprofundamento de indicadores utilizados, tudo isto porque temos um objeto de estudo refletivo e não comparativo.
A minha escolha foi tratar o caso da Universidade de Évora, sendo justificado pelo facto de Évora ser uma capital de distrito e ser um território que se insere na região interior de Portugal Continental.
Quanto aos resultados recolhidos e representados na obra que nos serviu de referência (Impacto do ensino superior para o desenvolvimento regional: Reflexão a partir de seis estudos de casos”), nota-se que, em 2011, o concelho de Évora abrangia 55921 habitantes, sendo que cerca de 8500 estavam diretamente relacionados com a Universidade de Évora, 7500 eram estudantes e 1000 eram colaboradores, sendo que, destes 7500 estudantes, apenas 30% era do concelho de Évora. Relativamente ao impacte na atividade económica, segundo o artigo, apresentou um valor total de despesas de 58 milhões de Euros, sendo que os gastos dos estudantes corresponderam a 3,6% do PIB, em 2001, do Alentejo Central e de 1,2% do Alentejo. Por último, quanto aos impactes no emprego e na qualificação da população, a Universidade de Évora empregou 2200 pessoas indiretamente.
Concluindo, está mais que assente o conceito que as IES são inteiramente relacionadas com o conceito de desenvolvimento coeso e sustentável das regiões, criando capital humano, permitindo o desenvolvimento socioeconómico e aprofundando conhecimentos, sendo que a evolução e desenvolvimento do mercado global associado a uma grande competitividade vai requer pessoas com elevadas habilitações literárias. A aposta e o desenvolvimento, tanto no conhecimento como nas instituições de ensino superior, irá destacar aqueles que apresentam mais capital humano e, consequente, capacidade para um desenvolvimento socioeconómico sustentável.
Quanto ao caso de estudo da Universidade de Évora, o impacte na região foi notado tanto pela positiva como pela negativa. Por um lado, o estabelecimento de ensino apresentou uma despesa total de 58 milhões de Euros. Por outro lado, empregou indiretamente 2200 pessoas e atraiu população jovem para a região cerca de 7500.

Nuno J. A. Costa

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “economia e Política Regional”, do curso de Mestrado em Geografia do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)

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