segunda-feira, março 11, 2019

São Bento da Porta Aberta: da Fé ao Turismo

O Turismo Religioso arrasta multidões movidas pela fé ou pela devoção a algum Santo. Neste caso, falo do Santuário de São Bento da Porta Aberta, localizado em Terras de Bouro, na freguesia do Rio Caldo. O Santuário, que atualmente é visitado por milhões de peregrinos movidos pela fé a “São Bentinho”, forma carinhosa como é tratado, foi reconstruído nos finais do seculo XIX. Foi a partir da sua reconstrução, em 1758, que se iniciou a maior afluência de pessoas. Na comemoração dos 400 anos do Santuário, o Papa Francisco elevou-o a categoria de Basílica devido ao facto das imensas visitas que recebe todo ano.
É conhecido como o São Bento da Porta Aberta porque o templo mantinha sempre as portas abertas para que os peregrinos do caminho de Santiago pudessem pernoitar. Atualmente, a Basílica continua a receber os seus peregrinos, no entanto, isso acontece numas construções anexas ao lado oposto do Santuário. Assim, existe a Casa da Irmandade e uma hospedaria para dar continuidade a tão antiga tradição. O arquiteto Luís Cunha mandou colocar azulejos e colunas ao longo da subida para o Santuário representativos da vida monástica e retratando cenas bíblicas.
Com uma beleza única e imensurável, o São Bento da Porta Aberta é o segundo Santuário mais visitado depois do Santuário de Nossa Senhora de Fátima. Apesar das condições geográficas não serem consideradas chamativas, os peregrinos fazem as suas visitas durante o ano todo, contudo é em março, junho e agosto que há uma maior afluência. No dia 21 de março, celebra-se a morte de São Bento, que morreu a 21 de março de 547. No dia 11 de julho, celebra-se a festa padroeira da Europa, pois elaborou uma regra que chegou a todos os povos – reza e trabalha - talvez por isso foi considerado “Pai e Padroeiro da Europa”. Por último, de 10 a 15 de agosto, celebra-se a grande romaria popular.
As peregrinações são feitas de diversas formas, mas, falando um pouco da minha vivência, lembro-me perfeitamente dos meus pais fazerem o percurso de Fafe ao santuário a pé, com um determinado grupo de pessoas que iam cumprir as suas promessas. A acompanhar este grupo de pessoas ia um meio de transporte para o caso de alguém precisar de alguma coisa, mas também para trazê-los de volta às suas casas.
Na minha opinião, o afluxo de pessoas que se verifica todos os anos tem como principal motivo o santuário, no entanto, a cultura da região, o meio rural e o comércio tradicional são também um motivo de atração turística para as pessoas. Concluindo: o turismo cultural, religioso e rural estão muito presentes dado que as pessoas vão visitar o monumento de uma arquitetura de beleza desmedida, vão pelas suas crenças e pela beleza do lugar onde a Basílica está inserida.

Joana Gonçalves

Bibliografia e Webgrafia
Machado, Carla (2017). Caminhos de São Bento (Santo Tirso-Vizela-Terras de Bouro). Tese de Mestrado, Instituto de Ciências Sociais. Universidade do Minho. Braga

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)

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