segunda-feira, abril 29, 2019

Enoturismo em Portugal: Rota do Vinho Verde

Portugal é um país rico em regiões vitivinícolas e tem fortes tradições de consumo de vinho, sendo o setor vitivinícola um setor em desenvolvimento e a ganhar cada vez mais importância na economia nacional. A indústria do vinho apresenta um elevado volume de negócios e valor acrescentado e tem um valor positivo na sua balança comercial.

O desenvolvimento deste setor é de extrema importância quer na ocupação rural quer na criação de emprego. A elevada produtividade e capacidade exportadora, que representa 70% do valor produzido, torna esta indústria prioritária para a economia nacional, representando mais de 15% das exportações do setor agroalimentar e mais de 1,5% das exportações nacionais.

De acordo com um estudo elaborado para a Associação das Rotas do Vinho de Portugal, com dados disponibilizados pelo Turismo de Portugal, que contou com a colaboração de cerca de 260 unidades de enoturismo, foi estimado um total de 2,2 milhões de visitantes em 2016.

A criação das rotas dos vinhos, como instrumentos de organização e divulgação do Enoturismo devem ter como objetivo potenciar e desenvolver as economias rurais das regiões vinícolas.

O vinho verde é conhecido mundialmente e cada vez mais é procurado pelos turistas que visitam Portugal, tendo mesmo conseguido diminuir o favoritismo natural dos vinhos maduros. A rota dos vinhos verdes tem como cenário a beleza única da região do Minho, fazendo os turistas percorrer e descobrir as origens, os sabores e a história desta região portuguesa.

A rota em questão percorre 49 concelhos, onde é possível desfrutar de praias, montanhas, vales e rios. A criação deste roteiro teve como ajuda um grande investimento realizado pela Comissão de Vinicultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), onde foram aplicados 1,6 milhões de euros através do projeto Minho IN, que foi financiado pelo PROVERE (Programa de Valorização Económica dos Recursos Endógenos, do QREN).

Uma Rota turística tem vários desafios inicias. Para além da promoção necessária, é preciso convencer os produtores a organizarem a oferta, a receberem formação e consultoria em vários domínios do enoturismo. A Rota do Vinhos Verdes inclui percursos temáticos, como a Rota das Cidades e Vilas, a Rota do Mosteiros, a Rota das Quintas e a Rota das Serras.

Existem aproximadamente 60 aderentes á Rota dos Vinhos Verdes e todos oferecem prova e venda de vinhos, visitas às adegas, salvo as que não têm. É também comum a visita às vinhas e, em grau bastante menor, visitas ao Espaço Rural, que inclue museus ou coleções temáticas.

Os clientes Russos procuram rotas temáticas dedicadas à aguardente velha. Os clientes dos Estados Unidos e do Norte da Europa procuram rotas temáticas dedicadas aos solares, aos espumantes, aos vinhos verdes orgânicos ou biológicos.

Um grande investimento, na ordem dos três milhões de euros, efetuado no âmbito do desenvolvimento da rota dos vinhos verdes, visando aumentar a capacidade de absorção de turistas que pretendam pernoitar nessas regiões foi feito pela Quinta da Lixa, que é um dos grandes produtores de vinhos verdes, o Monverde Wine Experience Hotel, do Grupo Unlock Hotels, que se apresenta como o primeiro hotel vínico da Rota dos Vinhos Verdes.

As vindimas, provas comentadas, o programa ‘Enólogo por um dia’, menus gastronómicos, food pairing, spa dedicado à vinoterapia, produção de vinho próprio e possibilidade de criar recordações de viagem únicas são os trunfos do Monverde para captar turistas. Em 2016, este hotel registou mais de 10 mil dormidas, um crescimento de 26%, enquanto o restaurante recebeu 4.500 visitantes.

A formação de “guias” locais e enólogos ou peritos em vinhos e gastronomia é essencial para adaptar as visitas às necessidades dos enoturistas. É prioritária a cooperação entre os alojamentos, os restaurantes, os transportes, os intermediários, os operadores, os fornecedores e o comércio, e a ligação deste com o sector público (administração central, regional e local), para dessa forma criar as condições necessárias para o aumento da afluência de turistas às rota dos vinhos, nomeadamente à dos vinhos verdes.

Portugal tem todos os elementos e condições essenciais para desenvolver este tipo de produto turístico e, através de um desenvolvimento sustentável do Enoturismo, será possível promover o território, desenvolvê-lo e internacionalizá-lo.

Pedro Suspiro Ferreira

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)

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