sábado, abril 27, 2019

O impacte da gastronomia no turismo em Portugal, o caso de Braga

A gastronomia faz parte da experiência turística, enriquecendo-a e transformando a viagem de uma forma única. É um veículo transmissor de culturas e espelho de uma sociedade. Através de experiências gastronómicas, conhece-se, sente-se e prova-se a essência da cultura de um território. A forma de confecionar o alimento e de o servir faz parte da herança cultural, dos costumes e das tradições da sociedade. A autenticidade e o genuíno são a essência que define e diferencia a cultura e as formas de viver. Através da gastronomia, esses valores são transmitidos ao visitante num contexto cultural e gastronómico.
A cultura portuguesa tem nas suas tradições gastronómicas um valor imenso e heterogéneo, que muito tem contribuído para a valorização da oferta turística do país. O património gastronómico nacional é reconhecido e apreciado em todo o mundo pela sua diversidade, pelos sabores únicos e qualidade dos produtos com que os pratos são confecionados.
A procura de fatores de autenticidade ligados à cultura dos destinos, a par com a segurança e a relação qualidade-preço, faz de Portugal um dos melhores destinos da Europa para viagens de gastronomia e vinhos, e a gastronomia portuguesa revela elevados níveis de satisfação junto dos turistas.
E Portugal está na moda. Toda a gente sabe. Basta abrir um site de viagens e com alguma probabilidade aparecerá um artigo sobre o país. A gastronomia está na moda. Toda a gente sabe. E, segundo a Organização Mundial de Turismo, a comida já se tornou uma motivação essencial na intenção de escolha de um destino turístico, além de ser um elemento fundamental da história, da tradição e da identidade de um território.
Não há números atualizados sobre o peso da gastronomia no turismo. Os últimos dados de que o Governo dispõe são de 2007 e muito mudou desde então. Mas a gastronomia é claramente um dos eixos da nossa promoção e da informação que quem nos visita partilha sobre Portugal.
A gastronomia e vinhos foram identificados como estratégicos e constituem, em conjunto, um produto de destaque no PENT (Plano Estratégico Nacional para o Turismo até 2020), apresentado pelo Ministério da Economia, no qual se prevê um potencial de crescimento dos turistas deste segmento superior a 8% nos próximos anos. E falar em crescimento turístico e gastronomia é falar da cidade de Braga, que oferece a quem nos visita uma gastronomia riquíssima, suculenta e variada, segundo a tradição de várias gerações, com o bacalhau a assumir-se como o prato predileto. A diversidade da paisagem natural e as influências recebidas durante séculos de outras gentes são elementos que explicam a multiplicidade das especialidades gastronómicas.
A arte da culinária em Braga é famosa, não só pela variedade de ementas, mas sobretudo pelo cuidado e frescura na sua confeção. Entre as especialidades gastronómicas de Braga é forçoso referir o Bacalhau à Braga, à Narcisa ou à minhota, o cabrito assado, rojões à minhota, papas de sarrabulho, arroz “pica no chão” e, dentro da doçaria, o mais conhecido de todos: o famoso Pudim Abade de Priscos. Com isto, para acompanhar, temos o famoso vinho verde da região, branco ou tinto, que permite um bom acompanhamento qualquer que seja o prato escolhido.
Mas é na doçaria que a cozinha de Braga atinge uma maior originalidade e requinte, com o pudim Abade de Priscos, os doces de romaria e os biscoitos secos para acompanhar o chá, bem como outras especialidades ricas da longa tradição conventual e popular.
Além disso, o Município de Braga proporciona aos seus habitantes e a quem a visita vários eventos de gastronomia e vinhos ao longo do ano, como o “Fim de Semana Gastronómico”, “Vinho Verde Fest”, “Verde Cool”, “Gastronomia Viva!”, “Amigos do café”, “Tardes Gulosas”, “Braga à Lupa: o Pudim do Abade de Priscos” e o “Sugestões do Chef”. Nestes eventos, é possível apreciar e conhecer tudo o que há de bom da gastronomia e vinhos da região do Minho.

Marco Emanuel Mendes Azevedo

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)

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