domingo, abril 28, 2019

Turismo Ambiental ou Ecoturismo: uma Reflexão Globalizante

          O determinar desta temática para o meu trabalho deveu-se ao interesse que nutro pela preservação da Natureza e pela preocupação do tipo de turismo ambiental a facultar aos que dele usufruem. É um tema repleto de controvérsias, por isso despertou a minha atenção.
          Que tipo de espaços naturais poderemos oferecer, se a Natureza está altamente poluída? Parafraseando Napoleão Bonaparte e Francis Bacon, o Homem não pode viver, eu acrescentaria nem mesmo usufruir, onde as flores morrem. Só podemos dominar a natureza se lhe obedecermos – não estamos permanentemente a desafiá-la, sempre que a destruímos? Michael Jordan disse: “Falhei mais de 9.000 lançamentos na minha carreira. Perdi quase 300 jogos. Por 26 vezes confiaram em mim para fazer o lançamento que decidiria o jogo e falhei. Falhei uma e outra vez e voltei a falhar. E por tentar sempre é que tive sucesso”. Será que o Homem está mesmo a tentar preservar o ambiente? Será que teremos sucesso na preservação do Planeta com o turismo ambiental?
      O primeiro país a adotar estas medidas foram os EUA, onde, em 1970, foi instituído o National Environmental Policy Act, ao que se seguiu uma série de ações das Nações Unidas: Conferência de Estocolmo (1972), onde é estabelecido um plano das Nações Unidas no âmbito do ambiente; Cimeira do Rio de Janeiro (1992), sobre ambiente e desenvolvimento e, entre outras medidas; a publicação do Relatório Brundtland (1987), que propõe os fundamentos de um modelo de desenvolvimento sustentado.
       O respeito sempre será a base de todas estas práticas de sustentabilidade e cada vez mais a natureza pode contar com o apoio da sociedade e dos órgãos competentes. (O protocolo de Quioto não está a ser cumprido pelos EUA; a devastação da Amazónia é gritante; os incêndios em Portugal continuam a proliferar; os navios alemães continuam a fazer as lavagens dos depósitos petrolíferos no alto mar; na China e no Japão o nível de poluição é chocante…?). Ora, isto levanta outra questão, o que é que os turistas de facto querem ver, tocar e sentir?
Será que as zonas de destino turístico estão sujeitas a publicidade enganosa, isto é, o mar da Nazaré é ótimo para o Surf, mas qual será a qualidade da água? Ou será que aqueles que usufruem do ecoturismo sabem que tudo está contaminado, talvez aparentemente em menor escala, e ignoram ou fingem ser plena e pura a relação com a Natureza. Quiçá estarão a jogar “O Jogo da pseudo-felicidade e da pseudo-perfeição”
Devido às questões da biodiversidade, foram obtidas, nos últimos anos, importantes conquistas ambientais, com a participação de movimentos ecológistas interessados na preservação do nosso património natural. (Será que o impacte dessas medidas foram avaliadas e redefinidas?). O ecoturismo começou a disparar, pois utiliza de forma sustentável o património natural e cultural, incentiva a sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas.
No turismo e na comunidade que hospeda os turistas, segundo Tavares (2002) começa a haver consciência da necessidade da existência em equilíbrio com a natureza, visando, ainda, a manutenção da qualidade de vida das gerações futuras. Isto deixa um grande legado através do turismo, que é a consciência da preservação do ambiente natural, a história e a cultura dos lugares de visitação.

O ecoturismo é turismo de baixo impacte, que deve gerar o menor desgaste possível no meio ambiente e nas comunidades, respeitando as suas leis, cultura e, principalmente, o seu equilíbrio e tranquilidade. (As aves assustam-se, os peixes desaparecem, as praias rebentam de lixo; no Gerês, por exemplo, construiu-se um parque de campismo – nada contaminador do ambiente; no Alentejo, os animais equestres são montados desmesuradamente até à exaustão; e, no Algarve, a prática desportos náuticos a motor é o ex-libris dos turistas).

A atividade turística ocupa papel importante no mundo moderno, por movimentar grande quantidade de dinheiro e contribuir para o crescimento da economia. Dos segmentos do turismo, o Ecoturismo é o que mais cresce. É um fenómeno caraterístico do final do séc. XX, em consequência da crescente preocupação com o meio ambiente. É o segmento que mais se aproxima da proposta de Desenvolvimento Sustentável. (Será mesmo?).

Para concluir, diria que o turismo ambiental é rendível em termos de movimentação económica e parece ser o menos nefasto para o Ambiente. Tenho algumas dúvidas, já que o comportamento humano tende a regredir em termos de conservação das áreas visitadas, isto é, constata-se uma acentuada falta de civismo.

António Rodrigues

Referências Bibliográficas
v CUNHA, licínio (1997) - Economia e Política do Turismo.
v MALTA, Paula A. (2000) – “Das relações entre tempo livre, lazer e turismo”. Cadernos do Noroeste – Série Sociologia, Instituto de Ciências Sociais, Universidade do Minho, Vol. 13, N.º 1, pp. 219-239
v  VÁZQUEZ, José M. P. C. (1998) – “El turismo ambiental: una forma de desarrollo”. Horizontes Alternativos, Edições Colibri, Lisboa, pp. 145-157.
v Educação ambiental. In Diciopédia X [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2006.
v Estudo de impacto ambiental. In Diciopédia X [DVD-ROM]. Porto: Porto Editora, 2006.
vInformações do Portal R7.

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)

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