sábado, abril 20, 2019

Desenvolvimento industrial e regional de Vista Alegre: Porcelana

No início do século XIX, Portugal não fabricava porcelana – a indústria era inexistente no país. E como era muito apreciada pelo povo português e pelos visitantes, a maior parte do produto era importado da China e, mais tarde, de outros países europeus. Porém, existiu uma iniciativa de conhecer o modo de fabrico da porcelana. Em 1824, é fundada a Fábrica de Porcelana da Vista Alegre, que foi a primeira unidade industrial dedicada à porcelana em Portugal.
O sucesso da mesma foi um fator determinante no empreendimento industrial da produção das peças de porcelana portuguesa. O fundador, José Ferreira Pinto Basto, uma figura de destaque na sociedade portuguesa no século XIX, deixou a sua herança no século posterior ao citado. Contudo, o desconhecimento da pasta de porcelana era um problema. A qualidade do manuseamento da pasta de vidro origina peças com relevos e ornatos lapidados. Através do domínio deste tipo de produção, estudaram-se na prática, a composição da pasta, e, em 1880, centraram-se intrinsecamente na produção da porcelana portuguesa com os seus originais desenhos e formas.
Em Vista Alegre, os significativos progressos tecnológicos abasteceram a região com um reconhecimento de nível internacional, nacional e regional, dando à localidade um grande nome. A empregabilidade neste lugar aumentou substancialmente. Mudou a vida da população, suas rotinas e enriqueceu o local, através das várias exportações. A qualidade do produto dada à sua produção regular entre 1832 e 1840 são importantes para o esclarecimento do benefício da prática. Nas primeiras décadas da laboração, a contratação de mestres vindos de países estrangeiros, com experiência, foi determinante na formação de mão-de-obra local, altamente especializada na produção da porcelana.
Nos anos seguintes, o desenvolvimento industrial modificou o estilo da porcelana, adquirindo um tom romântico e lírico, corrente no século XIX, onde se estabelecem as técnicas mecânicas de decoração. O projeto europeu "Vista Alegre Heritage Museum" estimula o turismo no município português de Ílhavo, centrando-se na sua produção de porcelana. Amplos esforços colocam Ílhavo no mapa como destino cultural.
Após a inserção do projeto na região, a fábrica da Vista Alegre aumentou suas vendas em 46% para as lojas locais, a sua faturação internacional subiu 25%, a produção de porcelana assegurou 1.495 novos postos de trabalho já existentes em Vista Alegre e criou 100 novas ofertas. Também se observou a duplicação das pernoitas de turistas na cidade, Workshops foram criados para escolas e visitantes, atraindo quase 3.000 participantes, além dos artistas que expuseram as suas peças na IDPool - Design Residence. A gigante sueca Ikea também possui parcerias com a fábrica, e comercializa em suas lojas diversas peças em porcelana. Tudo isto fomentou e deu nome à marca de Porcelanas de Vista Alegre.
Em suma, percebe-se positivamente o desenvolvimento industrial, a promoção da empregabilidade e os empreendimentos: comercial e cultural. Abruptamente, as diversas mudanças na vida da população e nome da região contam com a drástica movimentação de pessoas e emissão de resíduos poluentes no fabrico do produto. Uma solução viável para esta questão baseia-se no equilíbrio entre as novas tecnologias e as energias renováveis, o que causa menos danos, e uma produção industrial mais comprometida com a consciência ambiental.

Carolina Almeida

Bibliografia:

A porcelana como património cultural traz vantagens ao centro de Portugal-Projetos. Disponível em: <https://ec.europa.eu/regional_policy/pt/projects/portugal/capitalising-on-porcelain-as-cultural-heritage-pays-off-in-central-portugal>. Acesso em: 13 abr. 2019.

História. Disponível em: <https://br.vistaalegre.com/>. Acesso em: 13 abr. 2019.

Regulamento n.º 271/2016. Diário da República n.º 52/2016, Série II de 2016-03-15. Pags: 9189 - 9195

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular de “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)

Sem comentários: