terça-feira, abril 09, 2019

Festival de Vilar de Mouros – um verdadeiro clássico dos festivais

Situado nas margens do rio Coura, o festival de Vilar de Mouros é realizado em meados de agosto, durante o Verão, na vila de Caminha. Contando já com 54 anos de existência, é considerado o festival mais antigo da Península ibérica, onde se junta música histórica (virado para atuações indie e alternativas), que condiz com o cenário bucólico que somente a natureza pode presentear.  
Embora seja um festival lendário, a sua história está repleta de altos e baixos: criado em 1965, inicialmente dedicado a bandas folclóricas do Minho e da Galiza, e, mais tarde, em 1968, a fado e música de intervenção. Inesperadamente, em 1971, o festival Vilar de Mouros causa o seu grande impacte com uma seleção de grandes nomes internacionais, como Elton John e Manfred Mann, que atuaram para cerca de 20 mil pessoas. Os artistas batizaram-no como o “Woodstock português- festival criado em 1969, nos EUA - devido ao clima de paz, amor e liberdade existente. Porém, por prejuízos financeiros, só se voltaria a realizar em 1982, com os U2 – ainda em fase inicial – como cabeças de cartaz, e outros artistas, após Portugal conquistar o direito à liberdade.
Surge mais tarde, em 1996, e, depois, em 1999 até 2006, ininterruptamente. Devido a desentendimentos entre as partes envolvidas na organização, só retorna em 2014, onde permanece até aos dias de hoje.
Desde então, graças à procura de bilhetes que subiu cerca de 30%, o recinto e o parque de campismo foram aumentados e a praia melhorada, o que conduziu a um incremento do número de pessoas para cerca de 30 mil.
E, finalmente, em 2018, o festival superou a marca dos 30 mil visitantes. Este resultado, segundo o organizador, é o reflexo dos motivos que levam à escolha do mesmo: trata se de um festival maduro, dedicado àqueles que se querem divertir, virem em família, e sentirem-se bem. Acentua-se acima de tudo na qualidade e não tanto na quantidade.
De acordo com a minha apreciação, o festival de Vilar de Mouros teve um impacte muito marcante no início dos anos 70, uma vez que Portugal vivia em regime de ditadura, mas nem isso parecia derrubar os festivaleiros. Em termos culturais e artísticos, gerou-se o ´boom` do rock português, e quem o presenciou conta com saudade e emoção o espírito vivido naquele ano, onde se gerou um clima de diversão, liberdade e espontaneidade.  
Como pude verificar, no momento em que a organização apostou noutro tipo de artistas e género musical, o festival alcançou o merecido destaque por parte daqueles que o desconheciam, o que na minha opinião só o beneficiou. Embora o festival não tenha ocorrido todos os anos desde o início da sua existência, no seu programa e história não faltam grandes lendas da música nacional e internacional e, ainda, novos talentos de todo o mundo. Apesar dos altos e baixos do festival de Vilar de Mouros, a organização tem feito esforços, com o apoio da Câmara Municipal, para que este perdure e deixe a sua marca nos festivaleiros, já para não falar de Caminha, a terra que os acolhe. Esta ganhou maior evidência e reconhecimento ao longo dos anos, tendo sido considerado em 2015, pelo Anuário Estatístico da Região Norte, o segundo maior destino do distrito e o sexto em todo o Minho, o que contribuiu também para uma melhoria do seu setor hoteleiro e económico.
Por último, o Festival de Vilar de Mouros pretende, com ajuda de patrocínios, da organização e do seu tão esperado público, tornar-se um verdadeiro tesouro rural português.

Joana Antunes

Bibliografia

Camara Municipal de Caminha. (s.d.). Obtido de https://www.cm-caminha.pt/pages/1281?news_id=1459
Judas, M. (2016). Visão. Obtido de Cultura: http://visao.sapo.pt/actualidade/cultura/2016-08-25-Festival-Vilar-de-Mouros-seis-curiosidades
Sic. (24 de 8 de 2018). Obtido de Sic noticias: https://sicnoticias.pt/especiais/festivais-2018-/2018-08-24-Vilar-de-Mouros-uma-aldeia-transfigurada-durante-tres-dias

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2ºsemestre do ano letivo de 2018/2019)

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