segunda-feira, abril 29, 2019

Festas da Cidade e Gualterianas

Em Portugal, existem por tradição muitas festas populares, romarias e procissões que, ao longo dos anos, se vão tornando símbolos para as próprias cidades. E Guimarães não é excepção.
Um dos momentos mais esperados pelos vimaranenses são as Festas da Cidade e Gualterianas. É de referenciar que as Festas da Cidade e Gualterianas, além de serem um dos pontos mais altos das festas que existem na cidade Guimarães, também são uma das maiores festas populares do Minho. Estas Festas têm uma união harmoniosa entre o sagrado e o profano.


As Festas da Cidade e Gualterianas são celebradas em honra de São Gualter e surgiram em Guimarães, no ano de 1906. São celebradas sempre no primeiro fim-de-semana do mês de Agosto. Estas Festas marcam a Cidade de Guimarães e os vimaranenses mas, cada vez mais, existem turistas que visitam a Cidade onde nasceu Portugal por esta altura, para conhecerem e viverem de perto as Festas da Cidade e Gualterianas.
Durante o primeiro fim-de-semana do mês de Agosto, podemos esperar vários dias de festa e de alegria, onde se misturam tradições seculares com vivência de uma cidade moderna e onde o espírito é unicamente de festa de alegria por parte dos vimaranenses e turistas que por aqui passam nesta altura. São vários os números que fazem parte destas festas, como a Batalha das Flores, o Cortejo do Linho e a Marcha Gualteriana, entre outros…
A Marcha Gualteriana tornou-se um ponto de referência das Festas Gualterianas, mas durante muito tempo ela sofreu algumas modificações, existindo anos em que a Marcha nem sequer saiu a rua. Esta marcha só em 1932 passou a ter o nome de “Gualteriana”, para conseguir realçar o espírito bairrista e apelar ao empenho e dedicação dos vimaranenses que ajudavam nesta Festa.
Mesmo existindo estas dificuldades, atualmente a Marcha Gualteriana tornou-se uma marca de qualidade, que há muito ultrapassou barreiras. Todos os anos, os vimaranenses, com muito entusiasmo e a força que lhes é caraterística, levam a Marcha Gualteriana para a rua, tornando esta uma “jóia” da coroa das Festa da Cidade de Guimarães e Gualterianas.

Ana Sofia Freitas

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)

Turismo ´Fashion`

Em 1991, nasceu aquele que é hoje o mais importante evento de moda em Portugal – a ModaLisboa. Este surgiu de um desafio proposto pelo Pelouro de Turismo da Câmara de Lisboa, com o objetivo de mostrar a criatividade da moda portuguesa.
Com o decorrer dos anos, a indústria de moda em Portugal foi crescendo, o que despontou a criação de uma estrutura mais eficiente para promover essa indústria e divulgar o melhor da Moda Portuguesa para o mundo.
Surge então, em 1996, a Associação ModaLisboa, uma organização sem fins lucrativos, que tem como missão a promoção e o desenvolvimento da Indústria de Moda em Portugal, bem como do capital criativo nacional. Esta associação marcou o início de uma nova etapa no percurso da ModaLisboa, uma vez que toda a estrutura do projeto foi profundamente alterada: “mantiveram-se os desfiles de moda portuguesa, mas a estes juntaram-se outras áreas com ligação ao mundo da moda, como fotografia, ilustração, produção de imagens, design gráfico, multimédia e edição de publicações” (Lisbonne Idée, 2019).
À semelhança do que acontece noutros países, a “ModaLisboa - Lisboa Fashion Week” é realizada duas vezes por ano, em março e outubro, para apresentar as coleções de Primavera/Verão e de Outono/Inverno dos principais estilistas portugueses.
O evento é dirigido a um público profissional constituído por imprensa, compradores, indústria têxtil, assim como convidados dos criadores e representantes de áreas artísticas, culturais, empresariais e institucionais ou, simplesmente, “amantes da moda”. Recebe aproximadamente 20.000 convidados por edição, que assistem ao vivo às apresentações das coleções dos criadores de moda nacionais. Este é o principal projeto da associação, é o evento de moda com maior reconhecimento em Portugal e um dos maiores eventos culturais da cidade de Lisboa.
A Associação ModaLisboa também criou e produz outros projetos importantes, tais como o concurso de jovens designers (Sangue Novo), a pop-up store Wonder Room e as conferências Fast Talks. 
A “ModaLisboa - Lisboa Fashion Week” conta já com 52 edições realizadas, sendo que a última decorreu ente os dias 7 e 10 de Março de 2019,  no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, com o tema “ModaLisboa #INSIGHT.
 Está prevista a realização de um conjunto de eventos nas próximas edições da ModaLisboa, no sentido de fomentar o crescimento do evento Lisboa Fashion Week, “através de um reposicionamento que opta pelo prestígio, inovação, criatividade e diferenciação, respondendo de forma mais adequada à procura de públicos internacionais e potenciando o crescimento da Indústria da Moda nacional” (Moda Lisboa, 2019).
         Em Outubro de 2019, a ModaLisboa volta à passerelle com as novas propostas dos Criadores Portugueses, onde estará presente o empenho e a determinação destes, com a mesma energia e amor que este incrível evento nos habituou. O projeto será desenvolvido em estreita ligação com parceiros estratégicos, entre eles, a Câmara Municipal de Lisboa e a Entidade Regional de Turismo de Lisboa. O projeto pretende aumentar a visibilidade e notoriedade internacional da Moda Portuguesa e promover a região de Lisboa.

Célia Cristina Matos Pereira

Referências

MODA LISBOA - Modalisboa Go Global. Portugal, 2019. Disponível em: https://www.modalisboa.pt/pt/modalisboagoglobal.

Lisbonne Idée - Moda Lisboa, Onde Desfilam As Mais Belas Criações De Portugal. Portugal, 2019. Disponível em: http://www.lisbonne-idee.pt/p3623-moda-lisboa-onde-desfilam-mais-belas-criacoes-portugal.html



(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)

URBACT – mudanças de direção para cidades melhores (parte II)


As cidades (ou vilas) envolvidas no projeto Urbact “Re-grow City”, têm em comum o facto de terem passado por longos processos de declínio populacional e económico. Além da acentuada perda e envelhecimento da população, as dinâmicas económicas são cada vez menores, tornando os territórios pouco atrativos.
A cidade alemã de Altena, líder e exemplo a seguir neste processo de partilha de boas práticas, mudou de dirigentes políticos em 1999, quando o democrata cristão Andreas Hollstein se tornou Mayor. Desde então, têm sido adotadas uma série de medidas, com resultados considerados positivos e, por isso, merecedores de serem replicados nas cidades que fazem parte deste projeto: Melgaço (Portugal), Aluksne (Letónia), Idrija (Eslovénia), Igoumenitsa (Grécia), Isernia (Itália), Manresa (Espanha), Nyírbátor (Hungria).
Como já referido na primeira parte deste artigo, publicada no mês passado, o declínio da cidade de Altena, que conta atualmente com cerca de 19.000 habitantes, está muito ligado a mudanças nos sistemas de produção da indústria do aço, da qual a sua economia estava muito dependente.
Segundo os atuais líderes daquela cidade alemã, a situação foi-se agravando com as respostas adotadas pelos políticos de então. Para tentar contrariar os efeitos desta perda de postos de trabalho e de atratividade da cidade, os governantes da cidade optaram por fazer investimentos pesados em infraestruturas e equipamentos públicos, como bibliotecas, escolas e piscinas.
Apesar daquele ser um período de forte capacidade financeira, os gestores municipais acabaram por gastar mais do que podiam e deviam. Havia a ideia de que quem viesse a seguir traria sempre mais dinheiro. Altena acabou por ficar numa situação de grande endividamento. Na opinião do atual Mayor de Altena, não houve a capacidade de efetuar nenhuma reflexão sobre a mudança que se impunha na forma de gerir.
Com o tempo, devido ao grande endividamento criado naqueles períodos, Altena deixou de ter dinheiro para investir e as infraestruturas começaram a ficar ultrapassadas. Em consequência, a imagem de Altena decaiu e as cidades vizinhas aproveitaram a oportunidade para atrair os jovens, o que acarretou um envelhecimento cada vez maior da população residente.
A principal prioridade do novo executivo consistiu no equilíbrio das contas do município. Numa primeira fase, o próprio Mayor começou por enviar um sinal à população, dispensando o mercedes e o motorista, passando a deslocar-se num VW Polo que ele próprio conduzia.
Seguidamente, o Conselho Municipal aprovou uma série de medidas impopulares, que passavam pelo encerramento de uma das duas piscinas públicas, redução de um terço do número de funcionários municipais, encerramento de duas escolas primárias, redução do número de vereadores, corte nos subsídios aos clubes desportivos e grupos de idosos. Durante estes períodos, foi promovido e incentivado o diálogo com a população, na busca das melhores soluções.
Tendo surgido a vontade de arranjar a rua principal e não havendo orçamento municipal para o efeito, a população, políticos incluídos, uniu-se e voluntariou-se para arranjar a rua, com o seu trabalho. Foi possível perceber que as pessoas eram capazes de se unir à volta de um projeto comum.
Deste trabalho de envolvimento da população, foi desenvolvido um projeto de apoio à terceira idade. Ao fim de dois anos a trabalhar com toda a população, desde os mais idosos até aos mais novos, tentando perceber o que poderia ser mudado na cidade, no sentido de criar melhores condições para as gerações mais velhas, percebeu-se que as pessoas gostavam e eram capazes de trabalhar juntas. A Câmara Municipal passou a ter um papel de apoio à população, assumindo esta, através dos voluntários, a iniciativa das ações.
No final de um processo de dois anos, nasceu uma associação de voluntários, chamada “Stellwerk” (fábrica de aço), onde as pessoas coordenam e criam ideias em regime de voluntariado. Esta associação, que conta com o apoio de 500 a 1000 voluntários, assume hoje um papel cimeiro na vida da cidade.
Por outro lado, a cidade tinha muitas lojas vazias, devido à falta de clientes, à evolução do comércio eletrónico, assim como à idade avançada dos proprietários dessas lojas. Havia vontade e necessidade de gerar uma nova vida para a cidade e surgiu a ideia de trazer novas pessoas para aqueles espaços, dando-lhes a oportunidade de experimentarem, durante 8 semanas, abrir uma loja, com o apoio financeiro do município. No final desse período podiam decidir fechar ou manter o negócio. Fruto desta ideia, além das lojas que vão abrindo e fechando, pelo menos 5 ou 6 lojas mantém-se abertas, no centro da cidade, até aos dias de hoje.
Estamos perante o conceito, hoje já mais difundido, de “pup-up shop”. Em português, o verbo 'to pop up' significa aparecer súbita e inesperadamente. É assim que funcionam estas lojas, tendencialmente temporárias, que abrem as portas em lugares estratégicos e a maioria desaparece pouco tempo depois. O principal objetivo é despertar a curiosidade no público. Por outro lado, podem funcionar também como uma forma de os lojistas ou investidores testarem a recetividade às suas ideias, produtos, serviços.
Estamos assim na presença de dois vetores claros e distintos de intervenção. Um deles focado no envolvimento da sociedade, com a criação de associações ou ONG capazes de atuar nos territórios e influenciar os seus destinos, e outra que se prende com a revitalização urbana, através da criação de dinâmicas nos centros urbanos.
Uma das caraterísticas deste programa é que as cidades e vilas envolvidas têm que escolher qual a vertente onde querem atuar, no caso em concreto, promover o associativismo e o envolvimento da população, ou avançar como medidas de incentivo às “pop-up shops”.
No caso de Melgaço, a opção recaiu nas “pop-up shops”. Cabe agora aos envolvidos no projeto irem para o terreno, ouvirem os proprietários das dezenas de lojas fechadas e perceberem a sua recetividade para a ideia, ouvirem os potenciais lojistas, conhecerem as suas ideias e necessidades.
Se devidamente ouvidas todas as partes interessadas, se tivermos em linha de conta as expectativas de cada um e se forem criadas as condições necessárias, poderemos vir a assistir a um impacte bastante positivo na vida do centro urbano de Melgaço.

Jorge Ribeiro

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)

Impactes da Feira Internacional das Camélias no território de Celorico de Basto

A Feira Internacional das Camélias realiza-se todos os anos no município de Celorico de Basto e nos últimos tem ganho cada vez mais relevância ao nível municipal. Normalmente, este evento realiza-se no mês de março, durante um fim-de-semana onde a vila de Celorico de Basto é enfeitada com centenas se não milhares de camélias ao longo das suas avenidas. O evento decorre em época de transição de estações, em que será de esperar a floração das japoneiras. Como se sabe, trata-se de uma flor imponente, que com cores bastante vivas, normalmente vermelho, mas também pode assumir cores mais claras.
Ao longo evento, os visitantes podem usufruir de diversas experiências, como exposições de camélias, com dezenas de trabalhos realizados por produtores e pelas instituições do concelho, e assistir a desfiles onde a flor é acessório fundamental. Na feira, é possível também encontrar produtos tradicionais que os produtores conseguem de certa forma associar às camélias, como chás, doçarias, licores, compotas, entre outros.
A comunidade local também é peça fundamental na decoração e na contextualização dos visitantes na festa, através da decoração de fachadas com símbolos alusivos ao evento. Os negócios locais também são encorajados pela autarquia a participar num concurso que consiste em decorar as montras das lojas com camélias ou elementos caraterísticos. Assim, toda a vila toma uma silhueta diferente durante o evento. A feira conta ainda com expositores, boa parte deles de Espanha e pela primeira vez no ano passado contou com uma comitiva vinda diretamente do Rio Grande do Sul. Este ano foi palco também, pela primeira vez, da batalha de flores, onde os visitantes e locais atiram flores de camélia na avenida frente à Camara Municipal.
Segundo o presidente da câmara, em declarações produzidas no passado ano, o objetivo é incrementar as atividades criadas e nunca perder o espírito inovador. Durante as festividades, Celorico recebe milhares de turistas. Os setores do alojamento e da restauração são os que mais beneficiam, dinamizando economicamente ambos.
O que mais me cativou neste evento é que tem ganho proporções cada vez maiores cada ano que passa. Celorico de Basto tinha no passado ano capacidade para alojar 400 pessoas e devido à procura neste evento vai escalar o número para 600.

Francisco Maia

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “economia e Política Regional”, do curso de Mestrado em Geografia do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)

A indústria, parte integrante do património cultural

A indústria, enquanto motor de desenvolvimento da sociedade, é uma parte integrante e indissociável da cultura de um povo ou de uma comunidade.
São inúmeros os vestígios de um passado industrial ativo e fervilhante, assim como são muitas as regiões que têm na indústria o seu único impulsionador económico. Mas não tem de ser, necessariamente, assim.
O setor turístico, ainda em fase de crescimento em alguns locais, atingiu já a sua "maturidade" em vários outros. Isto leva a que as cidades sintam a necessidade de se reinventar. De inovar. Uma das formas, é tornar turisticamente atrativos alguns "novos" aspetos. Falamos do legado industrial de uma comunidade como atração turística.
Numa tentativa de valorização deste património industrial, que também representa (entre outros fatores) a identidade dos locais onde se encontra, tem vindo a verificar-se uma recuperação deste património, e até mesmo uma musealização do mesmo. Esta recuperação leva à valorização dos locais e áreas circundantes, que possam refletir valores de um passado menos distante.
Porém, na minha opinião, o foco das comunidades não deverá nunca centrar-se em apenas um único setor económico. Desta forma, as cidades em que tal seja de algum modo possível, deverão aliar as várias componentes da sua oferta turística, como sejam o turismo cultural e o turismo industrial. Ambos os segmentos desta procura turística são igualmente importantes e podem ser potenciados se a comunidade encontrar formas de os conciliar, abrindo horizontes para que uma cidade possa atrair diferentes públicos. Com isto, quero então dizer que, estes sectores se complementam mutuamente.
Alguns exemplos desta cooperação podem ser observados na cidade de Guimarães. O município tem vindo, continuamente, a trabalhar numa recuperação de edifícios e zonas industriais em degradação prolongada, como forma de valorizar o seu passado industrial e patrimonial. Refiro-me, por exemplo, à indústria dos curtumes. Temos os exemplos da fábrica da Ramada, que é atualmente utilizada para a realização de inúmeros eventos culturais, assim como um Campus Universitário, da Casa da Memória, que ocupa o lugar onde existiu anteriormente uma fábrica, do Laboratório da Paisagem (nos arredores da cidade, em Creixomil), que foi uma empresa têxtil no início do século XX. Numa procura de valorizar num sentido mais amplo este legado patrimonial, Guimarães luta agora pela inclusão da Zona de Couros (onde ainda se observam os vestígios da anterior industria dos curtumes) na zona classificada pela Unesco.
Porém, Guimarães está longe de ser o único exemplo desta valorização da indústria em associação à valorização patrimonial. Outra cidade que poderíamos referir é Bilbau, que se caraterizava por ser uma cidade industrial, com uma silhueta escura, soturna, e que conseguiu reinventar-se, tornando-se num importante polo de turismo cultural. Essa revitalização teve como principal eixo a construção do Museu Guggenheim, pelo Arquiteto Frank Gerhy, que teve como consequência para a cidade um forte impulso na recuperação patrimonial, social e cultural.
Uma cidade que não conseguia ultrapassar o paradigma do turismo exclusivamente de negócios (em função da componente industrial a que fiz referencia atrás), criou em si mesma outros atrativos que potenciaram os visitantes empresariais, fazendo-os ficar mais tempo ou mesmo regressar para visitar a componente cultural da cidade, ao mesmo tempo que atraiu novos visitantes. Isto demostra que a cooperação entre diferentes sectores económicos é uma mais-valia, e foi nesse sentido que a cidade Basca trabalhou.
Há outros exemplos ainda: Dusseldorf, na Alemanha, renovou-se de uma forma muito análoga a Bilbau, reconvertendo a zona ribeirinha num projeto do mesmo arquiteto (Frank Gerhy); a cidade de Joinville, no Brasil, que se carateriza como uma cidade industrial que, apesar de sustentável por via desse sector económico, procura aumentar o turismo como forma complementar de valorização da cidade.
Regressando ao exemplo inicial de Guimarães, seria interessante que a cidade lograsse complementar os seus esforços na divulgação da sua importância histórica, cultural e patrimonial com uma oferta que proporcionasse, a quem a visita, informação sobre o seu legado industrial. Isso permitiria, a prazo, conciliar o melhor de dois mundos: captar potenciais clientes para o seu tecido empresarial e, simultaneamente, potenciar os atuais visitantes industriais, de forma a que sintam vontade de regressar ou de ficar para além das suas estadias profissionais.
É verdade que existem já algumas iniciativas avulsas nesse sentido -nomeadamente um “Roteiro da Industria Têxtil"- mas atrevo-me a dizer que, por motivos que desconheço, as mesmas não vêm obtendo os resultados que aqui defendo como desejáveis e alcançáveis, se integrados numa estratégia holística.
 Em conclusão, diria que, se em alguns casos esta visão de uma cidade como um todo indissociável poderá ser uma necessidade e quiçá o caminho a seguir para impulsionar o desenvolvimento económico, noutros casos, poderá ser um complemento e um fator a acrescentar a uma cidade, que lhe permita criar para si uma maior autonomia económica.

Rita Miranda Pereira

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)

Enoturismo em Portugal: Rota do Vinho Verde

Portugal é um país rico em regiões vitivinícolas e tem fortes tradições de consumo de vinho, sendo o setor vitivinícola um setor em desenvolvimento e a ganhar cada vez mais importância na economia nacional. A indústria do vinho apresenta um elevado volume de negócios e valor acrescentado e tem um valor positivo na sua balança comercial.

O desenvolvimento deste setor é de extrema importância quer na ocupação rural quer na criação de emprego. A elevada produtividade e capacidade exportadora, que representa 70% do valor produzido, torna esta indústria prioritária para a economia nacional, representando mais de 15% das exportações do setor agroalimentar e mais de 1,5% das exportações nacionais.

De acordo com um estudo elaborado para a Associação das Rotas do Vinho de Portugal, com dados disponibilizados pelo Turismo de Portugal, que contou com a colaboração de cerca de 260 unidades de enoturismo, foi estimado um total de 2,2 milhões de visitantes em 2016.

A criação das rotas dos vinhos, como instrumentos de organização e divulgação do Enoturismo devem ter como objetivo potenciar e desenvolver as economias rurais das regiões vinícolas.

O vinho verde é conhecido mundialmente e cada vez mais é procurado pelos turistas que visitam Portugal, tendo mesmo conseguido diminuir o favoritismo natural dos vinhos maduros. A rota dos vinhos verdes tem como cenário a beleza única da região do Minho, fazendo os turistas percorrer e descobrir as origens, os sabores e a história desta região portuguesa.

A rota em questão percorre 49 concelhos, onde é possível desfrutar de praias, montanhas, vales e rios. A criação deste roteiro teve como ajuda um grande investimento realizado pela Comissão de Vinicultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), onde foram aplicados 1,6 milhões de euros através do projeto Minho IN, que foi financiado pelo PROVERE (Programa de Valorização Económica dos Recursos Endógenos, do QREN).

Uma Rota turística tem vários desafios inicias. Para além da promoção necessária, é preciso convencer os produtores a organizarem a oferta, a receberem formação e consultoria em vários domínios do enoturismo. A Rota do Vinhos Verdes inclui percursos temáticos, como a Rota das Cidades e Vilas, a Rota do Mosteiros, a Rota das Quintas e a Rota das Serras.

Existem aproximadamente 60 aderentes á Rota dos Vinhos Verdes e todos oferecem prova e venda de vinhos, visitas às adegas, salvo as que não têm. É também comum a visita às vinhas e, em grau bastante menor, visitas ao Espaço Rural, que inclue museus ou coleções temáticas.

Os clientes Russos procuram rotas temáticas dedicadas à aguardente velha. Os clientes dos Estados Unidos e do Norte da Europa procuram rotas temáticas dedicadas aos solares, aos espumantes, aos vinhos verdes orgânicos ou biológicos.

Um grande investimento, na ordem dos três milhões de euros, efetuado no âmbito do desenvolvimento da rota dos vinhos verdes, visando aumentar a capacidade de absorção de turistas que pretendam pernoitar nessas regiões foi feito pela Quinta da Lixa, que é um dos grandes produtores de vinhos verdes, o Monverde Wine Experience Hotel, do Grupo Unlock Hotels, que se apresenta como o primeiro hotel vínico da Rota dos Vinhos Verdes.

As vindimas, provas comentadas, o programa ‘Enólogo por um dia’, menus gastronómicos, food pairing, spa dedicado à vinoterapia, produção de vinho próprio e possibilidade de criar recordações de viagem únicas são os trunfos do Monverde para captar turistas. Em 2016, este hotel registou mais de 10 mil dormidas, um crescimento de 26%, enquanto o restaurante recebeu 4.500 visitantes.

A formação de “guias” locais e enólogos ou peritos em vinhos e gastronomia é essencial para adaptar as visitas às necessidades dos enoturistas. É prioritária a cooperação entre os alojamentos, os restaurantes, os transportes, os intermediários, os operadores, os fornecedores e o comércio, e a ligação deste com o sector público (administração central, regional e local), para dessa forma criar as condições necessárias para o aumento da afluência de turistas às rota dos vinhos, nomeadamente à dos vinhos verdes.

Portugal tem todos os elementos e condições essenciais para desenvolver este tipo de produto turístico e, através de um desenvolvimento sustentável do Enoturismo, será possível promover o território, desenvolvê-lo e internacionalizá-lo.

Pedro Suspiro Ferreira

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)

UMA OPORTUNIDADE DE LUXO PARA O FRACASSO! TURISMO NOS AÇORES

Os Açores é um arquipélago português localizado no Atlântico Norte e é composto por nove ilhas, de origem vulcânica, que estão subdivididas em 3 grupos (ocidental, central e oriental). A sua paisagem resulta da sua génese vulcânica que deu origem às caldeiras, às fumarolas, às lagoas, etc., em conjunto com fatores climáticos próprios, pelo que há quem diga que num dia se podem verificar as 4 estações do ano, os pastos verdejantes divididos pelos típicos muros de pedra, que restringem as manadas de gado, as densas florestas de lauráceas e, finalmente, o mar como fundo de tudo isto. Em conjunto, estes elementos fazem com que este arquipélago possua uma das mais belas paisagens de Portugal.
E essa beleza parece ter sido descoberta pelo resto do mundo recentemente… Se a estes elementos juntarmos a história, a cultura, as pessoas, entre outros fatores, é certo afirmar que os Açores se afiguram como lugar ímpar no Mundo.
Referi anteriormente que o resto do mundo descobriu os Açores nos últimos anos. De facto, os Açores tornaram-se um destino turístico da moda e as estatísticas comprovam-no. Os dados do INE e de outras fontes de informação permitem concluir o seguinte:
o número de turistas aumentou de 142 mil, em 2015, para 164 mil, em 2018 (123 mil só em Ponta Delgada) [1]; também o aeroporto João Paulo II (em Ponda Delgada) registou um aumento do volume de passageiros desembarcados nos anos mais recentes (de cerca de 621.000 em 2015, para 911.000 em 2017, cerca de 2945 passageiros por dia, em 2017);
o número de estabelecimentos hoteleiros e, consequentemente, o número de quartos verificaram uma tendência de crescimento (de 168 estabelecimentos hoteleiros, em 2015, para 190, em 2017, e de 4.764 quartos ,em 2015, e 5.389, em 2017). A taxa líquida de ocupação também registou um aumento de 39,2%, em 2015, para 47,5%, em 2017)[2].
É facto! Os Açores são ponto de paragem obrigatório para os turistas[3], principalmente para os turistas ingleses (representam 41%)1, americanos, e alemães. Trata-se, a meu ver, de uma oportunidade “caída” do céu e do mar para o desenvolvimento e incremento das atividades e dinâmicas (económicas, sociais e culturais) do Arquipélago dos Açores. Mas, não querendo ser pessimista, se é facto que se trata de uma oportunidade, também é certo que se pode transformar num “presente envenenado”. Senão tenhamos em consideração o seguinte:
Ponta Delgada tem cerca de 68.000 habitantes, 41 estabelecimentos hoteleiros com 2.375 quartos e a capacidade hoteleira é de 5.055 hóspedes (74 por cada 1.000 habitantes)[4]. Ora, nos dias 23 e 24 de abril de 2018 atracaram no porto de Ponta Delgada, respetivamente, 5 e 4 navios de cruzeiro, tendo nesses dias passado 26.000 visitantes por São Miguel1. Ora, 26.000 indivíduos correspondem a 10% da população do arquipélago, 19% da ilha de São Miguel e a 38% da população da cidade de Ponta Delgada.
Na semana anterior (dia 18 de abril de 2018), Ponta Delgada tinha recebido mais 3 navios de cruzeiro[5] com capacidade para mais de 3.200 passageiros, cada (mais de 9.600 passageiros).
Não é preciso ser um entendido no assunto para perceber que tal situação é um tremendo desafio para a capacidade das estruturas, equipamento, infraestruturas e serviços da cidade de Ponta Delgada, que não estarão projetados para uma tal sobrecarga. Tendo em consideração que os Açores é um arquipélago, esta sobrecarga dos sistemas é ainda mais inquietante.
Na minha opinião, se se pretender continuar com este tipo de turismo (cruzeiros), o desafio da região passará por desenvolver estratégias de organização do território (criação de serviços e atividades de apoio ao turismo) que sejam sazonalmente dinâmicas, ou seja, dinâmicas ao ponto de atuarem eficazmente durante a “época alta” e que possam ser “descartadas” nos períodos de “época baixa”.
Por falar em região, uma dúvida se levanta: será que a atividade turística, e com ela o desenvolvimento, chegará a todas as ilhas? Existiram lugares esquecidos e isolados? Existiram mais do que nove “ilhas” nos Açores?
Na minha opinião e da forma como interpreto os acontecimentos atuais, talvez após uma primeira fase de “boom”, em que os Açores se está a mostrar ao mundo, o tipo de turismo de cruzeiros pode ser bem-vindo, até por uma questão de publicidade e de dinamismo económico, mas, numa fase posterior, o tipo de turismo associado ao arquipélago terá, a meu ver, de mudar, quer por uma questão de consciência ambiental e ecológica, quer por uma questão de identidade e realidade territorial.
Assim, o turismo nos Açores deverá, portanto, transitar para um tipo de turismo especializado, particular, de luxo, baseado na excecionalidade e unicidade que os Açores possuem. Um turismo que envolva atividades de alguma forma relacionadas com a natureza (terra, ar e mar) e o espaço rural, e que envolva o turista com o território e a paisagem e as pessoas, um turismo mais focado na experiência do lugar e no que este transmite[6]. Caso contrário, corre o risco de se tornar um lugar onde há a degradação do espaço natural, quer pelo desenvolvimento de áreas contruídas, quer pela pegada ecológica deixada pelas atividades humanas (lixo, gastos com eletricidade, água e outros bens de consumo, etc.).
Os Açores possuem de facto uma oportunidade de luxo para o seu desenvolvimento. Esperemos todos que seja aproveitada.

Jorge Garrido


(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “economia e Política Regional”, do curso de Mestrado em Geografia do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)

O “Mundo” da Comic Con Portugal

Inspirado pela Comic Con International, a Comic Con Portugal é, sem dúvida, o maior evento de Cultura Pop do país. Traduz-se num congresso para promover os jogos, animes, manga, banda desenhada, séries televisivas e até cinema.
A edição de 2018 realizou-se num recinto com uma área que abrange cerca de 100.000 metros quadrados, divididos em vários setores. Incluía um setor de cinema e televisão, onde alguns convidados nacionais e internacionais responderam a perguntas dos fãs e realizaram sessões de autógrafos, e um setor intitulado Comic Village, onde se assistiu a palestras, lançamentos exclusivos e concursos para jovens artistas.
Existiu, também, uma área gamming numa das maiores arenas eSports a nível nacional, onde muitos gamers nacionais e internacionais tiveram oportunidade de demonstrar o seu talento, e ainda assistir a lançamentos de videojogos. Estava também incorporado no recinto um espaço denominado POP Ásia, voltado para tópicos relacionados com anime e manga, e para as vertentes musicais K-pop e J-pop. Contou, ainda, com o espaço Mundo do Cosplay, local onde os cosplayers deram asas ao seu talento, através de workshops e painéis.
Com a descrição do evento acima elaborada é fácil entender a grande magnitude que a Comic Con Portugal reúne, não só em termos de espaço, mas também na afluência de pessoas. Na sua quinta edição, a Comic Con Portugal atingiu 108.897 visitantes, vindos de todos os pontos do país, o que equivale a um aumento de, sensivelmente, 10.000 pessoas em relação à edição anterior.
Sendo um evento de 4 dias, em que muitos dos visitantes adquirem o passe geral e afluem à totalidade do evento, é normal que muitos setores da região obtenham um crescimento exponencial. É o caso do setor hoteleiro e do setor da restauração. Este facto não passou despercebido ao Presidente da Câmara Municipal de Oeiras, que disse que “Foi muito gratificante para o Concelho de Oeiras acolher um evento como a Comic Con Portugal. Gostamos de apostar em conteúdos relevantes para a sociedade e para o Município, principalmente quando são transversais a todas as faixas etárias. Esperemos que Oeiras continue a desenvolver e a fazer expandir eventos como este”.
Porém, na minha opinião, a mudança da localização do evento de Matosinhos para Oeiras foi algo negativo. Considero que o Porto seria a opção ideal para acolher a Comic Con Portugal, visto que, em comparação com Lisboa, a cidade do Norte dispõe de menos eventos desta relevância.
Concluindo, acredito que nos próximos anos o evento Comic Con Portugal irá continuar a crescer e a obter impactes económicos positivos para o local que o acolhe.

Pedro Miguel Ferreira da Costa

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)

domingo, abril 28, 2019

O Caminho de Santiago de Compostela

           O turismo religioso é uma manifestação da nossa história e da nossa cultura, sendo a manifestação mais antiga de turismo do mundo. Tem sofrido várias alterações ao longo dos anos, sendo promovido e melhorado, proporcionando crescimento e sendo um ativo de posicionamento para os países. Seja por motivações espirituais ou culturais, o setor do turismo religioso proporciona uma descoberta de todo o território, fortalecendo o seu desenvolvimento. É comum vermos no nosso dia-a-dia peregrinos passar pelas nossas localidades, com grandes mochilas, sozinhos ou em grupos, movidos com uma única motivação, a fé, focando-se em alcançar o seu destino espiritual.
         O Caminho de Santiago de Compostela é uma rota milenar seguida por milhões de peregrinos desde o início do século IX, sendo Santiago de Compostela um grande centro de peregrinação cristã. Aqui, está associado muito mais do que à conotação religiosa, pois através destes foram divulgadas ideologias, tendências, contactos entre culturas e até mesmo movimentos artísticos que fortificaram os alicerces da Europa.
        Foi percorrido por desde os mais humildes peregrinos aos mais conceituados nomes, como vários membros do Clero e da Monarquia. Desde então, pessoas das mais diversas procedências percorrem os Caminhos que conduzem à Catedral espanhola onde se veneram as relíquias do Santo Apóstolo, dando origem a um fenómeno que se mantém e reforça a cada dia. Conta com mais de 300 000 peregrinos anualmente, que manifestam a sua fé pelo Santo Mártir percorrendo o seu Caminho das mais diversas formas.
      Santiago de Compostela foi declarada, em 1985, Património Cultural da Humanidade pela UNESCO, sendo também reconhecida como Capital Europeia da Cultura, em reconhecimento ao seu dinamismo cultural e seu labor de difusão cultural ao longo da história.
         Os Caminhos de Santiago são, por isso, um denominador da cultura europeia, pelo que os seus itinerários, que são espaços públicos de convergência e harmonia, devem ser respeitados e promovidos. Neles, qualquer caminhante se sente um cidadão do mundo, o que lhe dá a oportunidade de perspetivar as suas convicções num sentido universal de abertura e tolerância.
É notório o contributo e empenho dos municípios na dinamização destes percursos, quer através da sinalização quer ao nível dos apoios prestados. Esta apreciação é, mais uma vez, demonstrada na candidatura conjunta de 10 municípios (constituintes do Caminho Português da Costa), ao Norte 2020, com o objetivo de valorizar e reconhecer oficialmente este Caminho como itinerário da peregrinação a Santiago. Esta rede intermunicipal apresenta uma comunicação integrada que potencia o valor intrínseco do Caminho português da Costa.
O culto de Santiago de Compostela está presente na essência destes 10 municípios, envolvendo diferentes paisagens num único percurso que atrai à serenidade. Este é o trilho para quem procura novas sensações, que ultrapassam o corpo e aclaram a mente, através de uma viagem em que o espiritual se completa com o interesse cultural e paisagens de tirar o fôlego.
Pessoas partem dos mais remotos lugares, percorrendo caminhos sem fim, tendo como guia a sua fé e como alicerce a crença de alcançar o propósito. É uma verdadeira demonstração de fé, e uma vivência completamente única e inigualável, um momento de introspeção. Ao longo do caminho, assistimos, através das paisagens, à personificação de muitos momentos da vida que levam o pensamento a encontrar um sentido. Pelos centros históricos, escutam-se histórias sobre os que passaram, partilhadas pelas gentes que recebem. A admiração e sedução por cada momento ficam gravadas, apelando a um regresso, rápido, a este Caminho.
Os albergues, para além de um local de repouso, também são um “centro” de união, onde pessoas dos mais variados pontos se encontram e convivem, compartilhando histórias, vivências e as suas crenças.
Terminada a jornada, a felicidade, o alívio e o sentimento de dever cumprido transbordam nestes nobres Caminhantes. A cada passo dado os peregrinos vêem a sua fé fortalecida, a sua história enraizada e a sua cultura difundida. Não é por acaso que vários autores afirmam que a Europa se construiu a peregrinar a Compostela. 
         Como diz o velho ditado popular: “Quem não vai a Santiago em vida, vai depois de morto”. É notória a evolução das épocas e, ao mesmo tempo, a intemporalidade da fé. Da fé que move as pessoas, da fé que une povos, da mesma fé dos nossos antepassados que se tornou na nossa, que nos guia e que nos faz querer ser melhores para com os outros e para connosco próprios.
Percorrer o Caminho de Santiago é fazer um caminho de renovação, de transformação interior, viajando ao ritmo de outros séculos, é..... Peregrinar.

Diana Silva

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)